A Prefeitura de Mogi das Cruzes vai continuar investigando internamente a participação de outros funcionários possivelmente envolvidos na fraude denunciada pelo prefeito Marcus Melo (PSDB) ao Ministério Público (MP) que resultou no desvio de
R$ 1.044.262,63. Para tanto, o chefe do Executivo mogiano determinou a instauração de uma sindicância, presidida pela secretária de Assuntos Jurídicos da Prefeitura e procuradora geral do município, Dalciani Felizardo, para apurar os fatos. Apesar de não acreditar no envolvimento de outros funcionários, a administração municipal não descarta esta hipótese.
De acordo com informações da prefeitura, o funcionário José Luiz Jurioli Filho, de 38 anos, teria praticado o desvio desde fevereiro de 2018 e pode ter contado com ajuda de pessoas que não atuam diretamente na administração municipal para cometer tal irregularidade.
De acordo com Dalciani, o esquema fraudulento foi descoberto por meio de auditoria da prefeitura, que notou uma inconsistência de R$ 40 mil no fechamento da folha de pagamento. Após o descobrimento, foi formada - a pedido de Melo - na segunda-feira passada uma equipe de trabalho com o propósito de localizar a razão desta diferença de valores.
O MP afirma que em janeiro deste ano, por exemplo, foram depositados na conta do servidor R$ 29.835,69 e, no dia 18 do mesmo mês, mais R$ 40 mil. A secretária disse em entrevista coletiva realizada ontem que essa é a primeira fraude deste tipo nos últimos 20 anos e que auditorias como a que descobriu o desvio ocorrerão com mais frequência. O secretário de Gestão, Marcos Regueiro, também participou da coletiva.
Manipulação
De acordo com o relato da prefeitura, o servidor adulterava dados do sistema de folhas de pagamento para que o banco depositasse na sua conta o valor alterado. Depois do pagamento, o acusado alterava novamente os dados encaminhados pelo banco para o formato original, a fim de acobertar a fraude, e encaminhava os números, de forma oficial, à prefeitura.
O funcionário
Cumprindo prisão preventiva, Jurioli Filho ocupava um cargo comissionado desde agosto de 2017 e possuía bom currículo. Ele era extremamente qualificado para as funções que exercia, de acordo com a secretária Dalciani. Era dele a responsabilidade pelo fechamento da folha de pagamento da prefeitura, e por isso tinha acesso aos números e à plataforma.
"Dominava todo o sistema, tinha muito conhecimento sobre a ferramenta, mas infelizmente usou esses recursos para o mal", disse a secretária Dalciani. Ainda de acordo com a chefe da Pasta, a fraude foi feita de forma "audaciosa e ao mesmo tempo grosseira", já que os montantes desviados pelo funcionário eram encaminhados para sua conta pessoal, também utilizada para receber seu salário enquanto servidor municipal.
Atuação no MP
Assim que descobriu a fraude que ocorria na prefeitura, o chefe do Executivo mogiano foi pessoalmente ao MP, acompanhado da secretária Dalciani, para protocolar a denúncia contra o funcionário. De acordo com o prefeito, o MP aconselhou a manter o caso sob sigilo por alguns dias, até a realização de uma investigação prévia, que culminou na prisão preventiva do suspeito.