Os gestores do Galpão Arthur Netto, localizado na rua Fausta Duarte de Araújo, 23, no centro de Mogi das Cruzes, planejam atuar de outras maneiras para manter a arte e cultura vivas na cidade. Isso porque, no final deste mês, o espaço encerrará as atividades, após 13 anos de funcionamento. A partir de hoje até o dia 19, o local receberá o Festival Dente-de-Leão, que encerrará, em definitivo, as atividades culturais.
No coração do centro da cidade, o prédio, em uma "singela esquina", como descrito pelos gestores, chama atenção de quem passa pela via. No interior, atividades de teatro, circo e exposições.
O principal motivo para o fechamento é a falta de recurso financeiro. Atualmente, como revelado na tarde de ontem durante coletiva de Imprensa no espaço, a dívida do grupo é de R$ 10 mil. Outro motivo é o fato de que o proprietário do imóvel pediu a liberação do prédio. Mesmo com o momento turbulento, os gestores não desanimam. "Apesar do fechamento, isso nos faz repensar e abrir os olhos para outros locais da cidade e da região que trabalham com arte. Talvez, podemos começar um projeto de forma itinerante, nas praças. Nosso foco, agora, é pensar em levar eventos culturais para vários pontos da cidade", disse um dos gestores do Galpão, Nilceu Filho.
Durante os 13 anos de funcionamento, o Galpão Arthur Netto sobreviveu de forma colaborativa, com o apoio dos próprios gestores, alunos e público, com uma cobrança simbólica de ingresso para os espetáculos, a venda de bebidas e comidas durante as atividades, brechó e sebos. Ao longo desse período, 60 mil pessoas passaram pelo espaço, sendo que mais de 2 mil saíram de lá formadas. Atualmente, há cerca de cem pessoas participando das atividades. "Sentimos muito pela perda do espaço, nunca abrimos mão de exercitar a cultura e questões sociais. É algo muito relevante para nós, e esse fechamento é um momento histórico", lamentou o gestor Manoel Mesquita.
Em um dos editais da administração municipal - programa de Fomento à Arte e Cultura (Profac) -, o Galpão foi selecionado e conseguiu verbas para manter a estrutura, principalmente para dar conta do aluguel do espaço, custo de R$ 3,2 mil por mês. Ainda não há nada concreto sobre o futuro do Galpão Arthur Netto, se funcionará em outro espaço ou de forma itinerante. "Não há espaços na cidade que conseguem envolver os jovens de uma maneira tão forte, trazendo assuntos que não estão em alta na mídia, como o Galpão Arthur Netto. Fico pensando onde esses jovens poderão enriquecer os conhecimentos. Mogi é carente de lugares assim", afirmou Lidia Pereira dos Santos, membro do grupo Jabuticaqui, que realizou diversas atividades no Galpão durante esses 13 anos.