Em comemoração ao quinto ano de reabertura do Casarão do Chá, no bairro do Cocuera, a Associação Casarão do Chá está organizando a exposição retrospectiva do ceramista Akinori Nakatani, que será composta por 50 peças que marcam as diferentes fases do artista.

Akinori Nakatani nasceu em 1943, na cidade de Osaka, Japão, e se formou em Educação Artística na Faculdade Pedagógica de Kyoto, em 1966. Em 1970, inscreveu-se no programa de intercâmbio Jica que possibilitou sua primeira viagem para a América Latina.
Seu destino inicial foi El Salvador na America Central, passando por diversos países latino-americanos, onde teve contato com cultura Maia e Inca, e vivência de índios mesoamericanos.

Em 1974, chegou ao Brasil na expectativa de encontrar uma cidade que facilitasse a produção de seus objetos cerâmicos. Instalou-se em 1978 em Mogi das Cruzes, na área rural do bairro Capixinga. No espaço, construiu toda a infraestrutura necessária: a casa, o ateliê e o forno no estilo japonês, Noborigama.

O trabalho de Nakatani destaca-se pelo uso de processos de produção tradicionais japonesas com a influência da estética mesoamericana. Refletem o espírito de adaptação e renovação estética do ceramista. O artista produz uma cerâmica conectada com a natureza dos materiais que a compõem, assim como com cada etapa do processo cerâmico artesanal envolvido. Isso significa que efeitos representativos do processo cerâmico são valorizados no objeto final, pois agregam significado ao mesmo.
Por isso, Nakatani trabalha no desenvolvimento de materiais como massa cerâmica e esmalte vidrado segundo a tradição nipônica, porém, produzido com matéria prima brasileira. Essas receitas são adaptadas e novas fórmulas são descobertas, com a finalidade de manter a relação da cerâmica com a natureza. Dessa forma, o artista contribui para a ressignificação da tradição japonesa, pois preserva a qualidade e significação das peças ao assimilar um novo ambiente.
Em 1996, Nakatani ingressou em um projeto paralelo a sua produção artística, porém não menos relevante, a restauração do Casarão do Chá, fundando a associação que leva o nome do espaço. Na época, o casarão era o único patrimônio histórico da imigração japonesa tombado pelo Iphan e estava completamente abandonado. Após 17 anos e meio de luta, sua restauração foi concluída em 2014.