"Todo dia a gente pensa nela. Queremos honrar o nome da minha filha". Estas são palavras de Márcio Paulino Alves, pai da jovem Rayane Paulino Alves, assassinada por Michel Flor da Silva, em 20 de outubro de 2018. O desabafo é uma pequena parte do depoimento de Alves prestado ontem durante o júri popular, realizado no Fórum Criminal de Brás Cubas, que condenou Silva a 45 anos e quatro meses de prisão em regime fechado, pelos crimes de homicídio qualificado, estupro qualificado (pela vítima ter 16 anos) e pelo crime de ocultação de cadáver.
Após a leitura da sentença, o pai de Rayane disse que Silva é um psicopata e ressaltou que mesmo ela (Rayane) não estando mais presente, conseguiu provar que sua filha foi vítima e não culpada pelo que aconteceu. "Justiça foi feita e queria agradecer a todos por isso", disse Alves. A mãe da jovem, Marlene Maria Paulino Alves, visivelmente abalada assim como seu marido, apenas afirmou que Rayane nunca será esquecida.
Um dos momentos de maior emoção durante o júri - que permaneceu lotado até o anúncio da condenação - se deu quando o pai da vítima prosseguiu com seu depoimento. "Única coisa que eu queria era achar minha filha, ela não merecia isso" relembrou Alves, enquanto chorava.
O julgamento que começou às 13h40 se estendeu até as 20h16 de ontem e comoveu o público (boa parte de mulheres) que acompanhava a audiência no plenário. Em depoimento, o réu assumiu que matou a jovem Rayane, mas negou a prática de estupro e a de ocultação de cadáver.
Sem demonstrar nenhuma emoção - apesar de afirmar que está arrependido do que fez - o condenado disse que sua vida acabou. Ela falou que ia me denunciar por estupro, e que o pai dela era policial. Quando ela pegou o celular, eu o joguei pela janela, e a puxei pelo pescoço, neste momento ela desmaiou", detalhou o réu.
Por mais de duas horas a promotoria detalhou toda a dinâmica dos fatos, focando principalmente em definir a personalidade do réu, que foi descrito como "um predador, aguardando o momento certo para atacar".
Quando a defesa assumiu a fala, os advogados destacaram a confissão do crime de homicídio, e que por este crime ele seria penalizado, mas sempre com a narrativa de diminuir a pena do condenado.
*Texto supervisionado pelo editor