O Museu de Arte de São Paulo (Masp) tem um acervo significativo de obras do argentino León Ferrari (1920-2013), que foi doado ao centro cultural pelo próprio artista. São heliografias, uma série de trabalhos em fotocópias, assim como duas pinturas, duas esculturas e um objeto. A maioria deles - com exceção de dois trabalhos preliminares dos anos 1960 - foi produzida durante o período de seu exílio de 15 anos em São Paulo. A mostra pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas, e às quintas-feiras, das 10 às 20 horas. O museu fica na avenida Paulista, 1.578, em São Paulo. Os ingressos têm o valor de R$ 25 (inteira) e R$ 12 (meia-entrada). 
Ferrari chegou ao Brasil em 1976, tendo escapado de Buenos Aires no auge da "guerra sucia" (guerra suja), que devastava o seu país natal. Já nessa época, ele tinha um extenso currículo como artista, inclusive como participante ativo nos movimentos conceituais de vanguarda que emergiram em Buenos Aires e Rosário durante os anos 1960. Os trabalhos que Ferrari produziu no Brasil mantiveram a sua crítica aos regimes ditatoriais e à maneira como eles exercem controle sobre a população, regulando cada aspecto da vida.
As obras desta exposição abordam esses assuntos por meio de diferentes procedimentos estéticos, conceituais e materiais. A primeira série, que se relaciona com os livros "Homens e Imagens", e também com suas "Heliografías", recorre à linguagem visual do desenho técnico e arquitetônico para representar os vários aparatos ideológicos impostos pelo Estado para controlar sistematicamente o dia a dia do cidadão. O segundo grupo de obras - que inclui as imagens relacionadas ao livro "Parahereges", bem como aquelas feitas para outra série, "Releitura da Bíblia" - aborda religião e igreja, criticando as posições conservadoras a respeito de sexualidade e os preceitos sociais.
Os trabalhos em gravura e fotocópias revelam o contexto no qual Ferrari trabalhava sob ditaduras tanto na Argentina quanto no Brasil. Durante a sua permanência no Brasil, em tempos de instabilidade política e econômica, ele esteve em contato com artistas que se interessavam pelo potencial das artes gráficas, como Carmela Gross, Hudinilson Júnior (1957-2013), Regina Silveira e Julio Plaza (1938-2003), que, podem tê-lo influenciado.