"Nosso sentimento de trabalho é o de 'recusa'. Recusamos o automatismo, a pressão do tempo, os atiradores de facas, o caminho fácil", assim se apresentam os Contadores de Mentira, grupo teatral de Suzano, que em 2015 celebra 20 anos de existência. E é com esse pensamento questionador que o grupo preparou uma série de atrações especiais de aniversário. As atividades iniciadas em agosto ficam em cartaz até dezembro, e foram divididas em cinco atos.
Hoje, às 20 horas, e amanhã, às 19 horas, será apresentada a peça "O Incrível Homem Pelo Avesso", que faz parte parte do terceiro ato. A apresentação será na sede do grupo, localizada na avenida Major Pinheiro Froes, 530, no Parque Maria Helena, em Suzano. O valor dos ingressos fica a critério do público, seguindo mais uma filosofia do grupo, que, para tornar a sua arte acessível a todos, deixa o valor em aberto. Confira a programação de outubro no quadro desta página.
Enredo
A peça "O Incrível Homem Pelo Avesso" conta a história da Guerra de Canudos, fato histórico que aconteceu no nordeste brasileiro entre os anos 1896 e 1897. Dividido em cinco partes, o espetáculo chega a ter 2h30 de duração. "A peça é uma obra robusta e acontece em cinco partes, dentro dessa apresentação retratamos uma feira, uma procissão, até um banquete com comidas reais. O espetáculo trata dos canudenses, que, liderados por Antônio Conselheiro, dedicaram suas vidas à construção de uma nova realidade para o povo nordestino", explica Cleiton Pereira, diretor e um dos fundadores do grupo.
Para Pereira, retratar o massacre de Canudos nos dias de hoje é muito importante. "Em tempos como este, quando todos vivem como se estivessem bem, mas não estão, falar sobre essa guerra em que mais de 25 mil pessoas foram dizimadas é essencial até para conhecermos o próprio País. O Brasil costuma falar que não teve guerras, e estamos falando de pessoas dizimadas. É a luta por território", conta o diretor.
Ainda segundo Pereira, o espetáculo, desde a sua estreia, em 2011, circulou por 15 cidades de São Paulo e encantou o público com a veracidade das cenas. "Em 2013 ganhamos o ProAc Circulação, e viajamos pelo Estado com a peça. No interior de São Paulo, quando encenamos uma procissão pelas ruas, vimos as senhoras emocionadas e depositando a sua fé. Foi muito prazeroso participar", relembra.