Que as provas de corrida de rua são as que mais crescem no mundo esportivo e abrangem uma enorme gama de faixas-etárias e classes sociais, isso ninguém mais duvida. Assim como já é provado, com milhares de exemplos, que o esporte é uma ferramenta transformadora aos praticantes. O morador de Suzano João Batista Oliveira é mais uma prova desses clichês citados acima. Após sofrer um grave atropelamento em um acostamento de estrada, em 2009, quando perdeu sua esposa, vítima da tragédia, Oliveira resolveu canalizar parte de sua energia se dedicando às corridas de rua. Isso mesmo depois de ter perdido uma das pernas no acidente.
Três anos depois do acontecimento trágico, o mogiano já participava da primeira Corrida de São Silvestre, tradicional prova que acontece sempre no último dia do ano, na capital paulista. Para isso, ele precisou passar por cima de todas as dificuldades e preconceitos para realizar um sonho antigo: ser corredor. "A corrida começou para mim como um sonho, virou terapia e hoje é um vício", conta Oliveira.
O maratonista encontrou nos filhos Priscila, Thamires, Thayna e Kevin, forças para continuar lutando. Mesmo sem patrocínio, Oliveira conta com o apoio do treinador Alex Muranim, da equipe Top Team.
Depois da primeira São Silvestre, Oliveira participou de outras quatro edições da prova, além de duas maratonas, seis meias maratonas, entre várias outras corridas que acontecem na região do Alto Tietê.
Além da corrida, o maratonista também faz parte de um time de futebol para amputados e diz que os atletas o admiram. "Conheço muitos jogadores deficientes, alguns falam que sou exemplo, outros falam que eu sou louco", brinca. "Escuto isso dos corredores sem deficiência física também", completa o maratonista.
Prótese
No último dia 20 de março aconteceu uma maratona em Suzano que contou com a presença do corredor profissional Adorílson dos Santos, tricampeão da São Silvestre. O objetivo da prova foi arrecadar fundos para que Oliveira possa comprar sua prótese. O valor integral das inscrições dos corredores que disputaram a corrida foi repassado para Oliveira. "Tenho certeza de que conseguimos arrecadar o dinheiro da prótese com o valor das inscrições da maratona, além de algumas doações. Se não conseguimos, creio que falta pouco", comemorou.
 *Texto sob supervisão do editor