Mogi das Cruzes, com mais de quatrocentos anos de história, está no centro do vetor de crescimento da região metropolitana de São Paulo. Originalmente conhecida por suas paisagens rurais e plantações, a cidade hoje enfrenta os desafios da conurbação, um fenômeno que traz mais preocupações do que soluções. 

Nos anos 1970, Mogi começou a atrair pessoas e empresas devido ao desenvolvimento industrial no Alto Tietê. Esse crescimento, comparável a uma festa que atrai cada vez mais convidados, trouxe não apenas oportunidades, mas também muitos desafios. A conurbação, que une áreas urbanas de diferentes cidades, pode ser vista como uma doença urbana, ameaçando a identidade e a qualidade de vida da cidade. 

Mogi das Cruzes tem 60% de seu território como área de preservação ambiental, um patrimônio que está sob constante ameaça devido à expansão urbana. A Serra do Itapeti, por exemplo, é uma área de proteção ambiental que enfrenta riscos de degradação. A pressão por desenvolvimento tem levado à redução de áreas verdes, poluição dos rios e destruição de habitats naturais. 

O crescimento desordenado também afeta a qualidade de vida dos moradores. A infraestrutura urbana, como saneamento e energia elétrica, enfrenta dificuldades para acompanhar a demanda crescente. Além disso, serviços públicos essenciais, como saúde e educação, estão sobrecarregados, comprometendo o bem-estar da população. 

A conurbação também resulta em fronteiras menos definidas entre Mogi e cidades vizinhas, como Suzano e Itaquaquecetuba, transformando a região em um conglomerado urbano indistinto. Essa falta de identidade pode levar à perda de tradições culturais e ao aumento da criminalidade, além de problemas de mobilidade urbana, com trânsito cada vez mais caótico. 

Apesar de algumas iniciativas de cooperação entre cidades para gerenciar resíduos e recursos hídricos, a realidade é que a conurbação muitas vezes ignora a necessidade de um desenvolvimento sustentável e planejado. A expansão urbana sem controle ameaça não apenas o meio ambiente, mas também o tecido social da cidade. 

Portanto, o futuro de Mogi das Cruzes depende de um planejamento cuidadoso que priorize a preservação ambiental e a qualidade de vida. É essencial que governo, cidadãos e empresas trabalhem juntos para mitigar os efeitos negativos da conurbação, garantindo que Mogi continue a ser um lugar onde as pessoas desejam viver, e não apenas mais uma extensão da metrópole. 

Em resumo, a conurbação em Mogi das Cruzes representa um desafio significativo, exigindo atenção e ação para evitar que a cidade perca sua identidade e qualidade de vida. É um chamado para repensar o crescimento urbano e encontrar soluções que respeitem o meio ambiente e o bem-estar dos cidadãos.


Paulo Pinhal é arquiteto e urbanista.