A mãe de um aluno autista, de 7 anos, da rede municipal de Mogi das Cruzes reclama de problemas com a Escola Municipal Prof. Benedito Estelita Mello, no bairro Socorro, que sugeriu a transferência para a Escola Clínica Transtorno do Espectro Autista Profª Neuraide Rezende da Silva Fujita, no Jardim Rodeio, alegando dificuldades de adaptação e socialização do menino que está há seis meses na unidade. A médica-endocrinologista Paula Kapritchkoff, mãe de Joaquim Kapritchkoff Wappler Pereira, conta que recebeu uma ligação da coordenadora da escola na última sexta-feira (2), falando sobre a mudança. 

Joaquim têm Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3 e estuda há seis meses na escola municipal, e segundo a mãe, é a terceira unidade que ele frequenta neste ano. Paula publicou na última segunda-feira (5) em suas redes sociais um vídeo em que conta sobre a ligação da coordenadora, que teria concluído pela transferência após uma reunião sobre a falta de interação do aluno com os colegas, alegando que a escola causa sofrimento para o menino. Na escola, ele conta, de acordo com a mãe, com uma Acompanhante Terapêutico (AT) que é paga por ela.

"Eu fiquei paralisada na hora. Depois eu chorei muito, passei o final de semana todo na cama, sem energia nenhuma, triste, mas percebi que isso precisava mudar e eu precisava comprar essa batalha. As mães atípicas vivem no limite. Nada acontece naturalmente. Tudo, do mais simples, como o acesso à educação, é uma luta diária", desabafou Paula no vídeo, contando ainda que o filho teve crises na semana anterior. Joaquim tem um irmão gêmeo, Gabriel, também com TEA.

Após o vídeo, segundo a mãe, foram realizadas duas reuniões. A primeira ocorreu na Secretaria Municipal de Educação, no mesmo dia da publicação, e a segunda foi feita na escola, com a presença de profissionais da educação especial. Neste último encontro, Paula diz que a escola se desculpou pelo que afirmou ter sido uma falha de comunicação e foi proposto um Plano Educacional Individualizado (PEI), que será aplicado a partir da próxima semana. 

A mãe destacou ainda que foi procurada pela Prefeitura de Mogi das Cruzes, que também se desculpou e disse não compactuar com a conduta da escola, afirmando que irá fiscalizar se o que foi acordado será cumprido.

Prefeitura  

Procurada pela reportagem, a prefeitura, por meio de nota, destacou o contato feito com a mãe e o início de um diálogo com a equipe escolar com foco no desenvolvimento da criança. Veja a nota na íntegra: 

"A educação de Mogi das Cruzes tem investido e avançado no atendimento educacional especializado dos alunos com TEA. Por isso, a Secretaria de Educação, assim que soube da ocorrência pelas redes sociais, entrou em contato com a mãe e com a unidade escolar para apurar os fatos. 

A mãe foi acolhida por representantes da Secretaria de Educação e da Coordenadoria de Cidadania e Inclusão Social e também se reuniu com a equipe escolar para diálogo com foco no desenvolvimento da criança. As reuniões foram acompanhadas também pelos profissionais que atendem o aluno. 

As conversas tiveram como foco esclarecer o ocorrido e alinhar as estratégias de ensino e de inclusão do aluno. Vale elucidar que o contato com a mãe teve como intuito discutir a possibilidade de atendimento educacional especializado ao pequeno no equipamento recém-inaugurado em Mogi e que já é referência para outros municípios, a Escola Clínica Transtorno do Espectro Autista. 

A educação especial personalizada da Escola Clínica TEA tem como objetivo o desenvolvimento da autonomia da criança e só é oferecida em comum acordo com a família. O estudante matriculado nessa modalidade é avaliado regularmente a fim de promover o retorno à sala de aula do ensino regular de forma a garantir o direito à educação inclusiva e ao desenvolvimento de outras habilidades. 

Ou seja, a intenção não foi retirar o aluno do convívio escolar, mas oferecer atendimento personalizado por um tempo determinado a fim de garantir o melhor desenvolvimento na escola em que está regularmente matriculado. 

Vale destacar que a rede municipal de ensino tem trabalhado com dedicação nas ações de inclusão. As equipes equipes escolares têm passado por formação específica e houve o fortalecimento do setor de Educação Especial e Inclusiva, que, além da Escola Clíncia TEA, tem também a Emesp Professora Jovita Franco Arouche e o Pró-Escolar, além das Salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE)".


*Texto supervisionado pelo editor.