A Comissão Especial de Vereadores (CEV) da Câmara de Mogi das Cruzes formada para investigar as denúncias de mau atendimento da operadora de saúde Hapvida NotreDame Intermédica realizou sua primeira reunião na última segunda-feira (20). Suspensão de cirurgias marcadas, demora para realização de exames, dificuldades para acessar médicos especialistas — como oftalmologistas e reumatologistas—, restrição de agendamentos — consultas e exames que só podem ser programados por meio do aplicativo —, falta de cadeiras nos prédios de atendimento presencial, fim da triagem de pacientes no Hospital Santana, elevado descredenciamento de clínicas e alta rotatividade dos profissionais de saúde foram algumas das reclamações feitas por pacientes. 

Além de usuários da operadora, participaram do encontro o presidente do colegiado parlamentar, Iduigues Martins (PT), e os demais vereadores integrantes da Comissão: Inês Paz (PSOL) e Mauro Yokoyama (PL). Também marcou presença o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública Municipal de Mogi das Cruzes e Guararema (Sintap), Paulo Ricardo Alves Ramalho.

“Temos como propósito apurar todas as reclamações contra a Notredame Intermédica. Depois, vamos criar um plano de trabalho com as principais queixas e também com sugestões de melhorias”, disse Iduígues Martins. 

Para a vereadora Inês, a empresa trata as críticas com desatenção: “Não dá mais para aceitar o descaso com o dinheiro público, já que há contrapartidas da Prefeitura e da Câmara nesses contratos. Além disso, a empresa não tem dado retorno às nossas reclamações, como no caso das mães atípicas, que não são servidoras, mas pagavam o plano e reclamavam do descredenciamento de clínicas. Todos os dias recebemos reclamações”.

Mauro Yokoyama disse que o descontentamento com a Notredame ultrapassa o funcionalismo público: “Recebemos muitas reclamações, não apenas da Câmara e da Prefeitura, mas de outros usuários que pagam o plano particular. É muito importante a nossa união para garantir um atendimento de melhor qualidade a todos os pacientes”. 

Presidente do Sintap, Ramalho apresentou as principais insatisfações dos usuários da operadora que trabalham no Executivo: “O plano custa cerca de R$ 45 milhões por ano. Muitos pacientes têm dificuldades de usar o aplicativo. São aposentados que não sabem mexer nas redes sociais nem em softwares. Não há UTI neonatal aqui. Outra dificuldade é realizar todos os exames. Em muitos casos, é preciso sair do município. Eles custeiam o transporte até outras cidades, mas isso não é divulgado. Outras reclamações são sobre muitas clínicas que estão sendo descredenciadas, como na área de urologia”.

Iduigues comentou ainda que a CEV vai apresentar sugestões de melhorias: “Também precisamos apontar caminhos. Uma ideia é ter funcionários da Notredame dentro da Câmara e da Prefeitura para agilizar o atendimento. O aplicativo pode ser vendido como uma modernidade, mas em certas situações ele pode ser um obstáculo. Afinal, muitas pessoas não têm familiaridade com essa tecnologia. A Prefeitura tem milhares de aposentados.  Esperamos que haja melhorias, mas, se não houver, enviaremos relatórios para ANS [Agência Nacional de Saúde], Tribunal de Contas e para a Prefeitura. No entanto, primeiramente, vamos buscar as soluções”.

Canal online

O presidente da CEV da Notredame disse ainda que será aberto um canal na web para receber reclamações de usuários do plano de saúde. “A vereadora Inês Paz sugeriu de criarmos um e-mail ou uma conta do Whatsapp para receber as reclamações de quem não pode vir pessoalmente. Vamos fazer esse canal online, aceitando denúncias via remota, porém será preciso que a pessoa se identifique. Do contrário, a operadora pode alegar que não tem como levantar os dados ou que a situação não é exatamente como foi relatada”, destacou.

 Os próximos passos da CEV da Notredame envolvem mais reuniões para colher reclamações e ouvir representantes da operadora.

Notredame

Em nota, a Hapvida NotreDame Intermédica informou que "está realizando grandes investimentos na região do Alto Tietê". Segundo a empresa, "reafirmando sua missão de proporcionar saúde integrada, de qualidade, com um custo acessível para a população". 

"Como a maior operadora de saúde e odontologia da América Latina, a companhia conta com a maior rede própria de atendimento. Seu sistema integrado e verticalizado conecta unidades em todas as cinco regiões do país, oferecendo 86 hospitais, 76 pronto atendimentos, 345 clínicas médicas e 294 centros de diagnóstico por imagem e coleta laboratorial, além de unidades especialmente voltadas ao cuidado preventivo e crônico. Esse conjunto de negócios, apoiado em qualidade médica e inovação, permite à empresa contar com os melhores recursos humanos e tecnológicos para atender seus beneficiários. A companhia segue empenhada no aprimoramento das soluções de saúde para todos os clientes da região do Alto Tietê", afirmou a nota.