O Observatório de Preços Unipiaget realizou uma pesquisa com foco em compreender melhor as dinâmicas de preço relacionadas com alimentos nas gôndolas dos mercados locais de Suzano através de duas cestas básicas, sendo uma popular (utilizando marcas desconhecidas ou menos conhecidas) e outra premium (utilizando marcas mais conhecidas em grande parte dos produtos).

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Foram monitorados oito estabelecimentos divididos em duas macrorregiões: uma compondo o centro expandido de Suzano que vai da estação de trem de Suzano (CPTM) até o largo da feira no final da Rua Benjamin Constant (5 mercados) e a outra macrorregião composta dos bairros do Colorado e da Vila Amorim chegando até a antiga São Paulo-Rio (3 mercados).

Alunos realizaram seis medições, sendo uma por semana entre os dias 08 de outubro e dia 12 de novembro de 2023, coletando os preços dos alimentos que compõem as duas cestas básicas (popular e a premium).

Após cada medição, os estudantes realizavam o registro dos preços, do local e do estabelecimento alvo da pesquisa. Na sequência, os alunos fizeram uma análise das variações dos preços coletados no dia com os da na semana anterior, permitindo desta forma, perceber as várias alterações de preço (para mais ou para menos) dos alimentos da cesta.

Os resultados apresentados relacionados à cesta básica popular permitiram identificar grandes variações de preços entre mercados de uma mesma região. O vinagre, por exemplo, apresentou uma diferença de até 125,4%, refresco em pó até 83,9%, polpa de tomate teve uma diferença de até 86,5% nos preços praticados entre os mercados do centro expandido.

Na maioria dos itens que compõem a cesta básica popular, existe um número específico de marcas que podem ser utilizadas relacionadas com aquele produto. Em alguns poucos casos de alimentos, a marca não era determinada aos pesquisadores.

O centro expandido apresentou grandes variações de preços entre mercados, mas também, apresentou preços praticamente iguais com variações entre 2 e 10% como a farinha de trigo (2,7%), biscoito cream cracker (3,1%), o café torrado e moído a vácuo (5,8%) e o macarrão com ovos – tipo spaghetti (8,2%).

Desta forma, foi possível compreender que determinados itens no centro expandido são comercializados a um preço muito próximo, e que às vezes, pode não compensar o stress do deslocamento até outro estabelecimento apenas para comprar o produto. Estes dados foram extraídos da tabela 1, que apresenta uma comparação entre os preços médios praticados pelos três maiores mercados (A, B e C) da região pesquisada e o preço médio da região.


Na região do bairro do Colorado e da Vila Amorim, as variações entre os mercados pesquisados tiveram os seguintes destaques: o azeite com redução de até -24,8% entre mercados, o leite condensado semidesnatado com uma variação de até 47,8% para mais. No vinagre a variação entre mercados da região pesquisada foi de até 68,7% e o detergente líquido apresentou uma variação de até 49,7% nos preços.

 

Foi possível perceber uma variação menor nos preços de alguns itens da cesta básica popular praticados entre os mercados dos bairros da Vila Amorim e Colorado do que nos mercados do centro expandido, fato que pode ser decorrente de diversos fatores como preços dos fornecedores, giro de estoque, maior competitividade na região do centro expandido (maior concentração de concorrentes), maior fluxo de pessoas e, no caso dos bairros, uma concorrência mais "amigável" devido ao menor número de concorrentes e a distância geográfica que eles apresentam, proporcionando assim, um pouco mais de liberdade de atuação.

Relacionado com a cesta premium e seus itens com marcas mais conhecidas (disponível no anexo 2), as variações apresentadas no centro expandido foram, de certa forma, muito parecidas com as da cesta popular, com algumas ressalvas como o creme dental que chegou a ter uma variação acima de 100% (100,5%) entre os três maiores mercados da região, já o restante dos itens que chamaram a atenção pela variação nos preços, são os mesmos que os mencionados na cesta básica popular, como o extrato de tomate (108,9%) de variação nos preços entre os mercados, o vinagre com 172,5%, papel higiênico com 147% e o macarrão parafuso com uma variação de até 136,4% na região do centro expandido.


Já nos bairros da Vila Amorim e do Colorado, onde foram utilizados os três principais mercados da região pesquisada, chama a atenção o aumento do preço do caldo de galinha/carne entre dois mercados, apresentando uma variação de 101,5% no preço médio dos dois mercados e, mais ainda, em uma comparação dos preços médios praticados entre dois mercados. Foi possível identificar uma redução em quase todos os itens pesquisados do mercado B para o mercado C, onde o mercado C apresentou valores muito menores em muitos itens, chegando a -64,9% no caldo de galinha/carne, -50,8% na goiabada, e -36,7% no chocolate em pó, no entanto, alguns preços acabaram ficando acima dos preços praticados pelo mercado B, como na maionese em que o mercado C apresentou um preço de 57,8% mais alto entre outros itens, provocando uma diferença de preço total da cesta entre B e C de apenas 6,8%.

Foi possível realizar um estudo comparativo entre as duas regiões pesquisadas relacionado aos preços médios praticados nos itens da cesta básica premium, que apresentou algumas variações dignas de observação, com valores acima de 100% como no caso do caldo de galinha/carne com uma variação entre as regiões de 170,2%, ou próximas de 100% como no caso do papel higiênico com 89% de diferença entre as regiões.


Por fim, foi possível perceber que dentro de uma região de bairros próximos, os preços podem variar consideravelmente de um estabelecimento para outro em relação a alguns itens, e, mais ainda, compreender que a dinâmica de preços praticadas nas regiões pesquisadas permitem uma variedade considerável de opções ao consumidor que esteja disposto a pesquisar o preço dos itens.

 

Nota-se ainda que os dados coletados podem incentivar a pesquisa de preços nas regiões e entre regiões próximas para o consumidor, observando variações consideráveis em alguns itens pesquisados em estabelecimentos situados em uma mesma região ou em regiões próximas.

 

IPCA

No último boletim do Índice de Preço ao Consumidor Ampliado (IPCA-15) divulgado no final de novembro de 2023 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) houve um acréscimo geral de 0,33% em relação ao mês passado nos preços avaliados, o que neste caso, envolve não só os alimentos, mas também outros itens que compõem a vida do brasileiro em geral. Este indicador é apresentado com informações regionais, permitindo uma visão mais detalhada das onze capitais examinadas na pesquisa. 


Na capital de São Paulo, vale ressaltar que o feijão carioca apresentou uma redução de -3,20% entre outubro e novembro, e os grandes "vilões" entre os legumes foram a batata – inglesa com 10,53% e a cebola com 16,82% de aumento. Já no caso das hortaliças, cabe destacar que a alface teve uma alta de 13,70% e o brócolis apresentou uma alta de 11,28%. Relacionado com as frutas, o limão apresentou uma queda de -6,60% e a tangerina uma alta de 17,37% (IPCA-15, 2023), fato que pode estar ligado às recentes ondas de calor e às grandes variações de temperatura ocorridas nos últimos meses, comprometendo grande parte das produções na região e em grande parte do Brasil.


Ainda utilizando os dados divulgados pelo IBGE sobre o IPCA-15 de novembro de 2023, se observados os valores acumulados nos últimos onze meses, o feijão carioca apresentou uma queda de - 20,66%, a batata inglesa um acréscimo de 35%, abobrinha um acréscimo de 20,23% e a cebola que teve um acréscimo considerável no mês de novembro, no acumulado do ano apresentou uma queda de -25,05%. É possível perceber que os alimentos destacados anteriormente no boletim de novembro do IPCA-15, com exceção da cebola, todos permaneceram com uma tendência de preço com a apresentada no boletim de novembro, pois, no acumulado, a alface apresentou um acréscimo de 29,81%, brócolis acréscimo de 13,25% (IBGE, 2023). E cabe ainda destacar que entre as frutas no acumulado do ano de 2023, o limão apresentou uma redução de -5,50%, dado que ressalta ainda mais a redução do limão no mês de novembro por ser maior que o acumulado do ano. E por fim, a tangerina que apresentou uma alta de 23,44% no acumulado do ano (11 meses) de 2023 (IBGE, 2023).