Nesta terça-feira (7), moradores de Guararema se reuniram em um protesto no centro da cidade devido a falta de energia elétrica que, até a tarde de ontem durava 90 horas para alguns moradores. O fornecimento foi interrompido após a forte chuva que atingiu as cidades do Alto Tietê na última sexta-feira (3). Embora alguns bairros da cidade de Guararema estejam com a energia sendo restaurada gradativamente, outros ainda sofrem com a ausência do serviço.
Marina Ripari Castro, administradora e moradora do bairro Lagoa Nova, relatou que moradores do local estão sem energia elétrica desde a tarde da última sexta-feira (3). Ela também destacou a preocupação com o abastecimento de água. “Ainda temos água na caixa, mas vai acabar. Precisa de bomba para jogar água, pois aqui a água é de poço, não temos nem água encanada”, explicou a moradora.
Sem comunicação e precisando recarregar celulares e luzes de emergência, a solução encontrada pela moradora foi levar os dispositivos para frente da agência da EDP, onde há energia disponível. “A EDP não deu nenhuma explicação para gente, nós somos os excluídos de Guararema. Já que a EDP me deixou mais uma vez sem energia, meu home office vai ser em frente a agência deles”, relatou a moradora indignada com o problema.
A situação se agravou no domingo (5), segundo Marina. Ela conta que teve que descartar alimentos que precisavam de refrigeração por falta de energia. “Tem gente passando fome, sem nada para comer e nós temos que jogar alimentos fora porque já faz mais de três dias que a energia não volta”, enfatizou a moradora.
Lúcia Melo, proprietária de uma pousada em Guararema, localizada no bairro Ponte Alta, também enfrenta a falta de energia. De acordo com ela, alguns hóspedes deixaram o estabelecimento quando a energia acabou, e aqueles que planejavam passar o final de semana cancelaram suas reservas. Lúcia também teve dificuldades para cuidar de sua mãe, uma senhora de 82 anos. "Estamos nos deslocando para outra cidade com minha mãe, pois lá conseguimos dar banho nela", explicou.
Um morador de Salesópolis também informou que há bairros da cidade sem energia após as fortes chuvas da última sexta-feira (3). De acordo com Antenor Donizete, morador do bairro Bracaia, os moradores entraram em contato com a EDP, mas a energia ainda não tinha voltado até a terça-feira (7). "Parece que eles têm preguiça de arrumar. Na hora que cobrar, eles cobram, mas, na hora de arrumar, eles demoram. Eu fico preocupado com as crianças e com os idosos, pois eles precisam mais do que qualquer um", relatou o morador.
Prefeitura de Guararema
A Prefeitura de Guararema informou, através de nota, que além de acompanhar o atendimento e restabelecimento de energia em todas as áreas afetadas, como Lagoa Nova, Ponte Alta, Itapeti, Capoeirinha, Jardim Itapema, Luís Carlos e Maracatu, e orientar os moradores sobre como proceder, protocolou um ofício junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que a concessionária EDP seja formalmente notificada sobre a demora para o restabelecimento de energia elétrica na cidade.
Ainda, de acordo com a prefeitura, a prioridade é que sempre haja a celeridade, agilidade e qualidade no atendimento à população, inclusive com a manutenção preventiva da rede elétrica ao longo do ano. Por isso, para além do acompanhamento das ações da EDP e do acionamento junto à Aneel, o município também está preparando uma ação judicial para que a EDP apresente soluções em caráter urgente.
EDP
Já a EDP informou que as equipes se aproximaram, nesta terça-feira (7), da etapa de conclusão dos atendimentos diretamente relacionados às chuvas que atingiram o Alto Tietê na tarde de sexta-feira (3). "Com o trabalho ininterrupto dos profissionais, a região chega a 99% de normalização do fornecimento de energia.
Seguem em andamento atendimentos mais isolados e de casos considerados mais complexos, que demandam maior tempo de serviço. Parte do trabalho está sendo realizado em parceria com órgãos municipais, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.
Algumas das operações acontecem, por exemplo, em locais com maior dificuldade de acesso e que exigem veículos especiais. Em outros casos, os atendimentos podem ser realizados somente no período diurno por questão de segurança.
Na região, os municípios com mais atendimentos em andamento são Mogi das Cruzes (97,8% de normalização), Salesópolis (97,47% de normalização) e Biritiba Mirim (96,5% de normalização).
A tecnologia e o planejamento estratégico da EDP colaboraram para uma redução expressiva do número de clientes afetados nas primeiras horas após a passagem da linha de instabilidade pelo município. A automação do sistema elétrico controlado pelo Centro de operações Integrado (COI) da EDP permitiu o remanejamento remoto do fornecimento de energia para reduzir o impacto aos clientes afetados. Houve o monitoramento dos alertas meteorológicos e o acompanhamento da passagem da tempestade por toda a área de concessão.
De acordo com a Climatempo, o fenômeno meteorológico de sexta-feira foi marcado pela intensidade dos ventos. Houve registros de ventos com velocidades acima de 62 km/h por várias horas consecutivas (duração de pelo menos 4 horas) em praticamente todos os municípios onde há estações meteorológicas no leste paulista.
A ventania ocasionou a queda de galhos, árvores, e lançamento de objetos sobre as redes elétricas.
Já o planejamento estratégico da EDP priorizou ocorrências em hospitais, postos de saúde, escolas, creches, asilos serviços essenciais, casos que possam oferecer risco à vida e ocorrências com grande volume de consumidores impactados. Para garantir agilidade no atendimento em massa e a segurança das operações, a quantidade de equipes técnicas em campo foi reforçada.
A EDP reforça as recomendações quanto à segurança, para que a população jamais se aproxime de cabos partidos ou de fios caídos. No caso de qualquer ocorrência com a rede elétrica, a EDP pode ser acionada por meio dos canais de atendimento".
Questionados sobre a situação de Guararema, a EDP informou que “vai manter o posicionamento em relação aos aspectos gerais do Alto Tietê, sem entrar no mérito específico de municípios”.
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