Nos últimos dias, as temperaturas nas cidades do Alto Tietê passaram de 33 ºC, com uma onda de calor que gera preocupação para os agricultores da região. Segundo representantes do setor ouvidos pela reportagem, o fenômeno causa queda na produção agrícola e, consequentemente, aumenta os custos que são repassados ao consumidor.

O presidente do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, Fábio Dan, disse que é comum essa temperatura elevada ainda na primavera, mas que neste ano os problemas tem sido intensificados pelo fenômeno El Ninõ. Segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), ele representa o aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico e impacta no clima do mundo.

“As formas de amenizar as perdas são a busca de variedades mais resistentes a estresses abióticos (condição ambiental que afeta as plantas), plantar e colher em horários mais frescos, evitar irrigar em horários quentes, pois pode fazer o efeito contrário, e observar a temperatura da água que está irrigando, evitando choque térmico”, orientou.

Ricardo Sato, presidente do Sindicato Rural de Suzano, comentou que existem cultivares adaptados ao clima e para o verão, e com o aumento na temperatura, os produtores anteciparam o uso de sementes e plantas próprias. "Naturalmente, com as ondas de calor acima de 25 ºC as plantas tendem a parar de desenvolver, ocorrendo o bloqueio de crescimento em função do calor. A tendência de oferta de produtos, como hortaliças, tende a diminuir por não ter plantas prontas para comercialização e, consequentemente, menos oferta, mais procura. A grande maioria das hortaliças, do tipo folhosas, são as mais afetadas , pois a exposição solar das partes consumíveis sofrem 'stress'", explicou.

A estimativa, de acordo com Fábio, é que as perdas cheguem a 40% e que durante essa época os custos aumentem, justamente pela irrigação e uso de produtos, como os aminoácidos: “Eles fornecem energia para as plantas compensando as perdas pelos processos de respiração e decomposição, além daquelas ocasionadas por agentes redutores de estresse, contribuindo, assim, com a capacidade celular de absorver água e nutrientes”.

Em apoio às dificuldades enfrentadas nesta época, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de Mogi das Cruzes informou que existe uma intensa preocupação com os produtores da cidade. “Realizamos capacitações técnicas, fomento das cadeias produtivas locais e acompanhamento constante, apoiando os produtores para que eles estejam preparados para superar esta fase”, explicou em nota. 

A Prefeitura de Suzano também informou que existe um auxílio aos produtores do município: "O Departamento de Agricultura dispõe de dois agrônomos como técnicos de campo para atender aos produtores rurais. O setor atua por meio dos programas oficiais de aquisição de alimentos, mantendo o agronegócio com receitas advindas das vendas dos produtos, em especial dos agricultores familiares".

*texto supervisionado pelo editor.