No período eleitoral, é importante estar atento às notícias falsas, as populares fake news, e à desinformação, como alertam as jornalistas Simone Leone e Ana Clara Ferrari, e o sociólogo Afonso Pola. Para Ana Clara, o mais importante, em um primeiro momento é entender a diferença entre as fake news e as mentiras que sempre existiram. Ela, que é especialista no tema, explicou que as características das notícias falsas são evidenciadas pela disputa política, por meio de matérias noticiosas com conteúdos distorcidos e que esse conteúdo alimenta uma determinada visão política da realidade.
De acordo com Simone, que é professora de Jornalismo na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), a desinformação é o alimento das fake news, ou seja, é generalizada e pode estar em diversos espaços, utilizando estratégias de manipulação de imagens, sites paralelos e montagens de vídeos. Ela destacou que um método utilizado por quem propaga este tipo de notícia é conhecido como deep fake, que pode estar em uma manipulação de vídeo, em que tudo parece real e é meticulosamente montado.
Impactos das
notícias falsas
A partir da disseminação de notícias falsas, Simone exemplificou como as pessoas deixaram de se proteger contra o coronavírus e deixassem de lado outros cuidados com a saúde, fazendo com que os índices de vacinação caíssem nos últimos anos no Brasil. Segundo ela, a consequência pode ser a volta de doenças erradicadas, acometendo, principalmente, crianças.
Ana Clara classificou as notícias falsas como um novo "vírus", que afeta a nossa percepção da verdade e sobre o mundo. A jornalista reforçou como isso transcende a questão da disputa política: "Ela impede que as pessoas tenham condições de formar opiniões sobre o próprio mundo, a partir da realidade concreta, e isso impacta tudo na vida das pessoas".
O sociólogo avaliou que, como vivemos na chamada "era da informação", estamos expostos a uma intensa e diversa quantidade de informações todos os dias: "A grande questão é: o que fazemos com elas? O intenso desenvolvimento tecnológico nos inseriu nas teias das redes sociais, dando voz e público para todo o tipo de pessoa". Pola destacou como esse ambiente se tornou propício para a disseminação de notícias falsas que, muitas vezes, são consumidas como verdades.
O especialista alertou para a proteção deste tipo de conteúdo, principalmente no período eleitoral.
Cuidados
Para não cair em fake news, Simone alertou: "Desconfie, sempre. Mantenha o pé atrás. Confronte a informação com outras fontes. Sabe aquela frase 'Joga no Google?'. Então, pode ser útil fazer uma busca sobre determinado tema para saber o que está sendo divulgado, se a informação é nova ou velha, se tem outras versões ou mesmo desmentidos".
Além de verificar nos principais veículos de comunicação, hoje existem agências de checagem de fatos, com sites e páginas nas redes sociais. As principais são o Projeto Comprova, Agência Lupa, Aos Fatos, Fato ou Fake, Agência Pública, Fato ou Boato, e o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ana Clara ressaltou que as pessoas podem ser agentes de mudança. A dica, segundo ela, é se colocar como uma pessoa que é referência, no sentido de garantir a credibilidade de uma informação. "Se você faz parte de um grupo de rede social, grupo de WhatsApp, ou até mesmo de grupo da família, em que circula muitos conteúdos de origem duvidosa, podemos ser um agente para impedir que esse vírus circule", concluiu.