O Dia dos Pais, celebrado hoje, sempre traz a oportunidade de refletir sobre os laços construídos ainda na infância e sobre a necessidade de fortalecê-los. Em um país diverso como o Brasil, não espanta a diversidade de famílias e histórias de uma das relações mais antigas, e determinantes. Os pais retratados nesta reportagem refletem uma pequena parcela dos pais existentes no Alto Tietê. Com suas ações e sentimentos, eles compartilham um grande amor que inspira e emociona.
Guarda compartilhada
Rodrigo Eiras, 44 anos, designer, é pai de Alice, 7, e Livia, 14. Separado da mãe das meninas, ele tem a guarda compartilhada. "De manhã elas vão para escola, à tarde elas ficam comigo e à noite vão para casa da mãe, que trabalha em horário comercial", detalhou.
Eiras relata que estar próximo delas e acompanhá-las sempre foi seu desejo. "Quando eu morava com elas, a dinâmica era parecida", contou. Ele relata que Lívia, a filha mais velha, já quer sair sozinha com as amigas e muitas vezes ele não quer deixar: " O problema é que as mudanças são repentinas e a gente não está preparado para isso".
Para ele, a convivência com as filhas o faz querer ser melhor: "Afinal nós somos os modelos para os nossos filhos, e eu vejo muita coisa de mim nelas, assim como vejo também coisas da mãe delas. Espero que sempre seja a melhor parte de nós".
Sobre a paternidade, o designer considera a melhor experiência que já vivenciou. "Eu definiria como sendo análogo ao amor que Deus sente por nós, onde nós estamos dispostos a dar nossa vida por elas. Ensinar, consolar e cuidar. E ainda assim deixar que elas façam suas próprias escolhas, porque o amor precisa de cuidado e de liberdade", salientou.
Pai solo
O mecânico Ivan Cardoso, 49, criou os dois filhos Renan, 24, e Giovana, 16, sozinho. Filhos de mães diferentes, no caso de Renan, o mecânico conseguiu a guarda do menino após a separação. "Ele ficou doente sem a minha presença e assim ele veio morar comigo, mas a mãe sempre ajudou no que ele precisasse", detalhou.
Já conquistar a guarda da menina foi mais difícil. Após se separar quando a criança tinha seis anos, ele não pôde visitar a filha quando queria e teve sua relação com ela comprometida pela distância por mais de um ano. A guarda definitiva foi conquistada quando Giovana tinha sete anos.
Renan hoje trabalha com o pai na mecânica 24 horas da família. Sobre trabalhar com o filho, Ivan acredita que o exemplo influenciou a decisão do jovem: "A minha profissão já vem de berço, aprendi com o meu pai".
De acordo com o mecânico, a conversa constante e a orientação são as bases da relação com os filhos: "Não encontrei desafios, meus filhos são tranquilos, são minha maior alegria".
Pai aos 17 anos
Wagner Pereira da Trindade, 47, líder de produção, tem três filhos: Gabriela, 29, Mateus, 25, e Maria Eduarda, 16. Aos 17 anos, ele começou a namorar a vizinha e assumiu a paternidade da filha dela, Gabriela, que tinha apenas 17 dias de vida. Por ter apenas 17 anos na época, Trindade recebeu diversos conselhos que tentaram dissuadi-lo. "Falavam que eu era muito jovem, que ela já tinha uma criança, e que tinha tudo para não dar certo", detalhou. Na ocasião, sua mãe, a sogra e os irmãos apoiaram a decisão.
"Ela me deu uma filha maravilhosa, que foi a Gabriela, presente de Deus. Depois vieram o Mateus e a Duda, e os meus netinhos", contou. Sobre se tornar pai aos 17 anos, ele admite que "deu um frio na barriga", devido a pouca idade e inexperiência, mas enfatiza a importância do apoio e afeto da família para vencer as dificuldades. "Aprendi a ser pai com a Gabriela", definiu.
Para o líder de produção, a paternidade é cuidado e participação, estar junto com a criança e corrigi-la quando necessário. "Eu aprendi muito ao ser pai da Gabi, depois com o Mateus e a Duda já estava mais experiente. Tudo aconteceu porque Deus quis, Ele chegou e abençoou", afirmou.
Amizade
Daniel Prudencio, 34, operador de trefila, é pai de Davi, 12. Ele contou que desde a adolescência sempre sonhou em ser pai de um menino, e o sonho foi realizado aos 23 anos. "Eu e meu filho temos uma relação de melhores amigos. Meu papel como pai é respeitar e orientar cada fase nova ou descoberta", afirmou.
Para Prudencio, a paternidade é feita de momentos, como receber um abraço do filho ou compartilhar vivências com ele, como o da oração e da fé. Ele se preocupa com o excesso de uso da internet pelo filho, mas tenta encontrar um meio termo com Davi. "Minha responsabilidade é acompanhá-lo, sei também que preciso deixar ele aprender algumas coisas sozinho e na prática", destacou.
O operador de trefila disse que a vida mudou com a paternidade: "Após ser pai eu passei a ser mais caseiro, e compreendi que a verdadeira alegria está nas coisas simples da vida". Prudencio contou que busca fazer escolhas que possam inspirar Davi, explicando que as crianças observam o comportamento dos pais constantemente. "Meu filho me fez um ser humano melhor", concluiu.