Cerca de 80 estudantes ocuparam a Escola Estadual Professora Edina Álvares Barbosa, localizada na rua São Roque, na Vila Japão, em Itaquaquecetuba. O ato, que teve início às 4 horas da manhã de anteontem, é uma forma de protesto contra o projeto de reforma do ensino médio e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241), que estabelece um teto para o aumento dos gastos públicos pelas próximas duas décadas.
De acordo com a coordenadora da subsede do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) de Itaquá, Maria Lourdes Rafael, trata-se de uma iniciativa dos próprios alunos. "Os estudantes se organizaram e iniciaram a ocupação. Estivemos lá na tarde de hoje (ontem) acompanhando e verificamos a participação de pelo menos 80 jovens, que estão se revezando", explicou.
Segundo ela a previsão é que outras escolas também sejam ocupadas. "É um manifesto geral contra a PEC 241, pois sua aprovação surtirá impactos negativos em diversos setores, inclusive na Educação. Então, a tendência é que outras escolas estaduais de todas as localidades venham a aderir ao protesto", disse.
Entre os ocupantes da escola está o estudante Gabriel Pablo, de 16 anos, que descreve a proposta de emenda como o "sucateamento do ensino". "Os estudantes secundaristas não só do Estado, mas do Brasil inteiro, estão se organizando para que a PEC não seja aprovada. Estamos lutando contra medidas que estão sendo impostas sem antes o diálogo com a sociedade, inclusive a reformulação do ensino médio", comentou.
Votação
A PEC 241 já foi aprovada em primeiro turno pela Câmara dos Deputados, no último dia 11 de outubro. No entanto, para que possa ser enviado à apreciação do Senado, o texto precisa ser aprovado em segundo turno por pelo menos três quintos dos deputados, o que corresponde a 308 votos de um total de 513. A previsão é que a votação seja realizada hoje.
Em nota a Secretaria de Estado da Educação informou que a Diretoria Regional de Ensino de Itaquá tem investido no diálogo com alunos que rejeitaram as tentativas de negociação. "É muito importante ressaltar que nenhuma das reivindicações é de responsabilidade da pasta, mas sim contra a proposta do MEC de reforma do ensino médio. O próximo ano será de análise; nada será mudado antes de um amplo debate com dirigentes, supervisores, diretores, professores e os próprios estudantes", concluiu.