A Prefeitura de Poá instaurou um processo administrativo disciplinar para investigar a médica Gabriela Corrêa Ferreira da Costa, que atuou alguns dias como clínica geral plantonista no Hospital Municipal Dr. Guido Guida após ser aprovada em concurso público.
Ela foi condenada a mais de 40 anos de prisão pelo envolvimento nos assassinatos de dois empresários em Minas Gerais, no ano de 2010, e ficou conhecida por integrar "o bando da degola", já que as vítimas foram decapitadas.
Conforme a reportagem apurou, ela havia assinado uma declaração de boa conduta no momento da nomeação, que já foi suspensa, sem informar que era ré em um processo criminal.
De acordo com a portaria publicada ontem pela prefeitura, o processo administrativo instaurado visa apurar eventual infringência à lei municipal 3.718/2014, que define o Estatuto dos Servidores Públicos de Poá.
Entre os pontos que podem ter sido desobedecidos estão manter conduta compatível com a moralidade administrativa, ser leal à instituição a que serve, observar as normas legais e regulamentares e crime contra a administração pública. A prefeitura enfatizou que "sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 dias, de demissão e cassação de disponibilidade, será obrigatória a instauração de processo administrativo disciplinar".
Crime
De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, a condenação da médica a 46 anos de prisão se deu em março de 2015, conforme acórdão do processo nº 2216502-04.2011.8.13.0024. Gabriela foi acusada dos crimes de homicídio qualificado, cárcere privado, extorsão, ocultação de cadáver e formação de quadrilha. Outros cinco envolvidos já foram condenados.
Ela teria participado da morte dos empresários Fabiano Ferreira Moura e Rayder Santos Rodrigues, que foram extorquidos, sequestrados, torturados e assassinados em um apartamento no bairro Sion, região Centro-Sul da capital, em abril de 2010. Em depoimentos antigos, ela disse a polícia que sua participação no crime foi realizar saques nas contas das vítimas e que era obrigada a fazê-lo. Segundo a médica, o chefe do grupo a ameaçou dizendo que iria ferir seus parentes para forçá-la a participar da ação.
Gabriela recorreu da condenação no ano passado e obteve o benefício de esperar o julgamento do recurso em liberdade. Por esse motivo, ela conseguiu se inscrever e participar do concurso.
Prefeitura
Questionado pela reportagem, o prefeito Marcos Borges (PPS) informou que "identifica possível fraude com médica aprovada em concurso público e que não compactua com o desvio de finalidade desta profissional".
A Prefeitura de Poá, por determinação do chefe do Executivo, abriu sindicância interna para apurar possíveis informações falsas emitidas por Gabriela e apresentadas no Departamento de Recursos Humanos da administração municipal.