Sem repassar qualquer recurso para a unidade de Mogi das Cruzes da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), que atende 170 pacientes de Suzano, o prefeito Paulo Tokuzumi (PSDB) afirmou não ter conhecimento sobre os serviços prestados pela entidade e não ter previsão de quanto poderá ajudar financeiramente a instituição, que enfrenta uma grave crise e por isso deixou de atender pessoas do município e também de Itaquaquecetuba.
Segundo o tucano, a dificuldade em fazer um repasse mensal para a AACD se deve a entraves burocráticos para a formalização de um convênio, já proposto, inclusive, pela Câmara de Suzano. "A prefeitura não estabelece convênios, ela troca serviços e toda troca de serviços é sujeito a processo licitatório. O prefeito não tem autonomia para escolher uma entidade e estabelecer o convênio", justificou.
O prefeito ressaltou ainda que os procuradores jurídicos do município apresentaram um parecer contrário à formalização de um convênio sem seguir as exigências legais. Ele destacou ainda que os trâmites para que o repasse possa ser feito são difíceis e demorados. Questionado pela Imprensa se o processo ao menos foi iniciado, Tokuzumi disse apenas que sim, mas não deu detalhes sobre o assunto.
Sobre o valor que Suzano poderá encaminhar para a AACD, o prefeito afirmou que não conseguiria precisar a quantia. "Que valor? Como vou saber se não tenho a noção de quantos atendimentos são feitos lá? Como eu vou contratar um serviço se eu não sei a quantidade, o que é o serviço? E se uma entidade se dispuser a fazer isso também?", justificou. Ao ser lembrado de que 170 pacientes de Suzano já são atendidos no local com custo zero para a cidade, o prefeito se limitou a dizer que "isso é outro caso, outra coisa".
Histórico
A AACD atende 800 pacientes da região sem recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo subsidiada somente com verba da Prefeitura de Mogi das Cruzes, Poá e Guararema. O déficit mensal da unidade atualmente é de R$ 40 mil por mês e, em função da falta de recursos, o atendimento de pacientes novos de Suzano e Itaquá foi suspenso há dois meses.
O Dat apurou que Guararema e Poá colaboram financeiramente enviando mensalmente R$ 10 mil e R$ 7,5 mil, respectivamente. Há quatro anos a Prefeitura de Mogi tem negociado com as demais prefeituras uma parceria para envio de recursos, mas somente as duas cidades passaram a colaborar.