Depois das chacinas ocorridas em Mogi das Cruzes do final do ano passado até a metade deste ano, a Polícia Militar resolveu dar início, desde agosto, a ações sociais voltadas para tentar mudar o quadro de violência que impera nestas comunidades, principalmente pela atuação do tráfico de drogas.
Em duas ações já realizadas - a primeira há dois meses e a segunda no dia 12 de outubro-, conforme informou a capitão Lígia Alves dos Santos Silva, do 17º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano (BPM/M), foram atendidas mais de 300 crianças, que puderam ter um dia de diversão gratuita, acompanhadas pelos policiais militares que participaram diretamente das brincadeiras, com distribuição de algodão doce e lembrancinhas, entre outras atividades.
"Diante das diversas ocorrências de morte na rua Gumercindo Coelho (Jardim Universo), a PM resolveu ajudar a comunidade e as mães, que queriam que seus filhos brincassem novamente na rua. Os relatos eram de muito receio de novas chacinas e do envolvimento das crianças com o tráfico local. Então, na primeira vez que fomos, em agosto, cerca de 300 pessoas, entre crianças e adultos, participaram do evento", descreveu a oficial.
De acordo com a capitã Lígia, na ocasião, foram feitas brincadeiras e proferidas palestras do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), ministrado por profissionais da corporação. "Estas foram as bases do encontro. Nosso objetivo era tirar as crianças dos quintais, para brincarem na rua sem medo. O resultado foi tão positivo que fizemos nova ação no Dia das Crianças", acrescentou.
Para a realização do evento, a PM buscou parcerias para desenvolver mais uma atividade, no intuito de intermediar ações que vão além da festa, criando um vínculo entre a comunidade e órgãos que pudessem auxiliar a população local. "Além de comerciantes da região, duas lojas maçônicas (União e Caridade IV e Colunas de Biritiba) patrocinaram a diversão. A recepção aos policiais nessa segunda visita foi nitidamente mais calorosa. As crianças estavam nos esperando e não precisamos de um trabalho de convencimento para a aproximação. As mães estavam lá, acompanhando seus filhos e confiando na Polícia Militar", observou.
Para a capitã, ao modificar a mentalidade das crianças, jovens e até mesmo dos adultos, mostrando-lhes outra visão da corporação, de que a PM pode ser "amiga" da população, ao invés de "inimiga", muitas vidas podem ser salvas e libertadas do aliciamento de traficantes. A PM planeja dar continuidade ao trabalho, estendendo a ação para outros locais.