Uma advogada defensora do direito de idosos reclama do juiz da Vara da Fazenda Pública do Fórum de Mogi das Cruzes, Bruno Machado Miano, de que este teria agido de forma preconceituosa em sua decisão de suspender o andamento do concurso público do municipal para o cargo de procurador jurídico.
Conforme noticiado pelo Mogi News em primeira mão, a suspensão ocorreu depois que o juiz identificou possíveis indícios de favorecimento. Na decisão judicial o juiz argumenta que "a requerida possui 51 anos. Pode ter estudado muito, é fato. Mas que sua aprovação com tão poucos erros leva a desconfianças, sobretudo sendo os concursos que prestou realizados por sua universidade de formação".
Ainda na mesma publicação o magistrado cita que "que "não vê preconceito, antes uma constatação, no fato de que as pessoas vão perdendo memória, objetividade e concentração ao passar dos anos. Justamente por isso, os aprovados em concursos são pessoas de até 35 anos, quando muito".
No entanto, para a advogada e professora universitária Silvia Maria Costa , que garante não conhecer a candidata e não ter interesse em se envolver no processo, "a declaração do juiz claramente demonstra falta de informação e preconceito sobre os idosos e os seus direitos", avalia.
A defensora destaca ainda que declarações como esta impactam diretamente na sociedade. "Dou aula para a terceira idade e todos os meus alunos tiveram a mesma visão que eu. Inclusive, fiquei sabendo do ocorrido por meio de um deles. Na situação em que estamos esses dizeres têm um peso enorme. A pessoa se pergunta para que eu vou estudar se quando ficar velho não terei oportunidade?", comentou.
Por fim ela ressaltou ainda que "independente do mérito da causa, esse tipo de declaração sobre a incapacidade de pessoas mais velhas na força de trabalho precisa ser refutada e combatida, de toda forma, pelo bem da sociedade", concluiu.
Procurado pela reportagem, o juiz Bruno Machado Miano reforçou o que já havia dito na publicação da decisão judicial. " Ao publicar a decisão eu sabia que ela teria uma repercussão. Mas, está longe de preconceito. Foi uma constatação. A capacidade de memória dos jovens é superior a de pessoas mais velhas", afirmou.