O balanço apresentado ontem no Mogi News revela um dado alarmante. Os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2014, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), apontam que a cada dez estudantes do 3° ano do ensino médio, oito atingiram níveis aceitáveis de alfabetização em leitura, escrita e matemática em Suzano e Mogi das Cruzes.
O porcentual que a primeira impressão parece ser alto, na verdade mostra o abismo educacional que o País se encontra. A cada dez alunos, oito conseguem avançar as séries sem ter condições de interpretar um texto ou fazer uma conta simples. Princípios básicos de uma pessoa letrada. E como este estudante conseguiu ir bem nas avaliações sem ser alfabetizado? Nenhum educador identificou esta carência? E se tivesse identificado conseguiria mudar este cenário, mesmo com o nosso sistema de progressão continuada, o qual garante que o aluno não repita a série?
Não é possível (ou não deveria) que alguém avalie este cenário como positivo. Ele não o seria nem mesmo se fosse 90%. Contudo, há quem acredite que estes números são favoráveis. Este alguém é o secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, que conseguiu dizer que "o resultado mostra avanços significativos" e, ainda, que "esta base sólida possibilita um ingresso mais consistente nos demais segmentos e aumenta as chances destes estudantes terem um bom desempenho ao longo da vida escolar".
Antes que algum leitor se confunda após ler a avaliação do secretário, Voorwald chefia a pasta da Educação do Estado de São Paulo e não de Berna, capital da Suíça. Voorwald talvez não tenha se atentado ao fato de que dois alunos a cada dez que estão dentro das escolas, ou seja, fazem parte do sistema educacional, terminem o ensino médio sem saber interpretar um texto, escrever uma redação e resolver um conta simples.
Vale lembrar que o Brasil ficou na 60ª posição no ranking mundial de educação, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que avaliou 76 países.