Desde o primeiro dia de janeiro, até 31 de julho deste ano, as polícias Militar e Civil do Alto Tietê prenderam 3.420 pessoas nas dez cidades da região. Por dia foram 16,1 presas, em média. Os dados são da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), que ainda informou que desse total, 2.362 foram detidos em flagrante, enquanto 1.058 foram encarcerados com base em mandados de prisão.
Para saber a dimensão deste contingente, o número de pessoas presas desde o começo do ano daria para superlotar os dois Centros de Detenção Provisória (CDPs) de Suzano e Mogi das Cruzes. Juntos, os presídios tem capacidade 'oficial' de receber 1.688 detentos, entretanto hoje possuem uma população carcerária, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), de 4.007 pessoas, vindas de diversos pontos de São Paulo.
Em comparação com a quantidade de moradores na região, 1,57 milhões, com base nas estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na sexta-feira, o número de pessoas presas representa 0,21% de habitantes do Alto Tietê.
À primeira vista os dados impressionam, mas segundo o professor e sociólogo Afonso Pola, o percentual de presos em relação ao número de habitantes da região é menor do que a média nacional. "É inferior que a média do País, que é de 0,3%. Ou seja, estamos abaixo daquilo que é constatado em outras região do Brasil", indicou o sociólogo.
Prisões exageradas
Mesmo sendo abaixo da média brasileira, Pola aponta que muitas dessas prisões poderiam ser dispensáveis. Ele explicou que em certos casos, como o porte de drogas para consumo próprio, que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não deveria haver punição com a privação de liberdade. "Há um equivoco aí. O usuário não precisa de polícia, precisa de cuidados. Isso só acontece no Brasil".
Juntando essas prisões, que poderiam ser evitadas, com as condições do sistema prisional do País, o detento acaba se juntando às organizações criminosas para sobreviver dentro das cadeias. "Ele se alia as estas entidades em busca de proteção, e isso fortalece essas organizações a tal ponto que o Estado não consegue mais combater o crime organizado. Por isso todo esse sistema precisa ser revisto. Ele não ressocializa o preso para voltar à sociedade", finalizou o sociólogo.
Onde se
prende mais
Mogi é a cidade onde ocorreram mais prisões desde o começo do ano. Segundo a SSP 1.020 pessoas foram detidas na cidade. Em Itaquaquecetuba esse número chegou a 686 detentos, até o último dia de julho.
O município de Suzano surge na terceira colocação com 598 pessoas presas, seguida de Poá, onde foram capturados 352 indivíduos. Por fim, Ferraz de Vasconcelos fecha o grupo de cidades com maior número de prisões: 343 no total.