Depois de adiar por três vezes a obrigatoriedade de trocar o antigo extintor classe 'BC' para o 'ABC', o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu, semana passada, que manter o equipamento dentro de veículos de passeio agora é opcional, ou seja, não será mais aplicada multa caso o condutor não tenha o extintor.
A medida foi tomada depois de uma reunião com representantes do Contran, da indústria automotiva e bombeiros. "Participei das tratativas junto ao Governo Federal e argumentei que o uso obrigatório dos extintores não proporciona mais segurança ao condutor e aos passageiros, tanto é que em países como Austrália, Estados Unidos, Japão e na maior parte da Europa o equipamento não é exigido" informou o diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), Daniel Annenberg.
Decisão equivocada
O problema, na realidade, não está em tornar o equipamento facultativo, mas sim emitir uma decisão depois de ter alertado todos os motoristas que a troca para um novo produto deveria ser realizada até o dia 1º outubro de forma obrigatória, provocando uma procura acima do normal do equipamento. Para os motoristas, o fato de o Contran não se preocupar com esse detalhe acabou gerando certa irritação nos proprietários de automóveis.
"Lojas especializadas, postos de gasolina, dentre outros estabelecimentos não conseguiram atender a demanda, muitas vezes tínhamos que sair da nossa própria cidade para conseguir encontrar o que foi imposto. Acredito que não seja uma compra irrelevante, porém desnecessário toda frustração que sobreveio a população ocasionado pela obrigatoriedade quase que imediata imposta pelo órgão", destacou a analista Natália dos Santos Silva, de 22 anos, moradora de Mogi das Cruzes.
O administrador Jefferson Mota da Cunha, 31, que mora na Vila Rubens, também em Mogi, afirmou que a medida revelada na quinta-feira pelo Contran foi equivocada. Ela considera importante ter um equipamento como esse no carro. "A segurança dos passageiros vem em primeiro lugar, ter um produto adequado no combate de um principio de incêndio é necessário, pode salvar vida. Se com este equipamento já é complexo atuar e zelar pela vida imagina sem ele. É mais uma decisão equivocada de nosso poder público".
A contadora Camila de Souza, 34, que reside no Jardim Maricá, revelou que não foi afetada pela medida, mas não deixa de criticar a decisão do Contran. "Muitos usuários saíram prejudicados em termos financeiros", disse a contadora, que continuou. "Mas mesmo com esta não obrigatoriedade ainda acredito que o equipamento seja importante para combater qualquer principio de incêndio que possa eventualmente ocorrer. Não deixarei de tê-lo em meu veículo", finalizou.
Continua obrigatório extintores para veículos utilizados comercialmente para transporte de passageiros, caminhões, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus e destinados ao transporte de produtos inflamáveis, líquidos e gasosos.