Para que o Alto Tietê ofereça uma condição mínima aceitável de leitos de internação aos mais de 1,57 milhão habitantes, precisaria criar outros 4.575. Esse é o resultado de um levantamento feito pelo Dat junto ao Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES), órgão governamental vinculado ao Ministério da Saúde. De acordo com os dados, a região tem, atualmente, 1.735 leitos de internação, em hospitais públicos e privados. Dividindo pela quantidade de habitantes que há nas dez cidades, a oferta seria de 1,10 leitos para cada mil pessoas.
Para se ter uma ideia do tamanho da defasagem, a Organização Mundial da Saúde (OMS), entidade subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU), recomenda que exista, ao menos, quatro leitos para cada grupo de mil moradores, ou seja, no total, os hospitais do Alto Tietê deveriam oferecer, no mínimo, 6.310 leitos de internação - número muito acima dos atuais. No País como um todo, o levantamento mostra que há 2,4 leitos para toda a população brasileira, enquanto em nações como Alemanha e Japão esse índice chega a 13,7 e 8,2 leitos para cada mil, respectivamente.
Quando o tema é separado por cidade, a situação parece ainda mais preocupante. Em Itaquaquecetuba, por exemplo, segundo município da região em número de habitantes, e onde está instalado o Hospital Santa Marcelina, há 224 leitos para atender toda a população, ou 0,63 vagas por mil habitantes. Suzano, Arujá e Poá também ficam aquém e não atingem a quantidade de um leito para cada mil pessoas.
Para a diretora do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaúde), Kátia Aparecida dos Santos, o problema pode estar no repasse de recursos para a Saúde. "O dinheiro aos municípios é repassado, mas às vezes não é investido onde deveria ser. Por isso a gente acaba tendo que lidar com essa defasagem".
Katia ainda destacou os problemas de o sistema não oferecer a quantidade mínima de leitos de internação: "Com essa falta, os médicos, enfermeiros e outros profissionais não conseguem realizar um atendimento de qualidade para quem precisa. Se é ruim para quem trabalha, imagina para o usuário que vem procurar o atendimento".
Outras cidades
No Alto Tietê, apenas Mogi das Cruzes se aproxima daquilo que é pedido pela OMS, ainda assim, bem abaixo do estipulado. O CNES informou que nesta cidade há 875 leitos, 2,06 por cada mil habitantes. Mogi é o endereço dos hospitais estaduais Luzia de Pinho Melo e Doutor Arnaldo Pezzuti Cavalcante, além da Santa Casa, fora os particulares.
Já Santa Isabel tem 1,83 leitos para mil moradores. Ferraz de Vasconcelos, local onde funciona o Hospital Regional Doutor Osíris Florindo Coelho, oferece 1,6 leitos para cada mil habitantes. São 197 vagas para uma população de 184 mil pessoas, isso sem contar os demais usuários de outras cidades que procuram a unidade de saúde.