A primeira entrevistada do 'Mês das Mulheres' do Café com Mogi News é Graziele Jesus, pugilista olímpica, 3º sargento da Marinha e presidente do projeto Alfa Boxe, em Mogi das Cruzes. Ela participou de vários campeonatos internacionais. Sua primeira medalha de ouro foi conquistada no ano de 2015 em uma competição disputada na República Dominicana. Neste mês, os episódios vão destacar mulheres com profissões e trajetórias diferentes, ocupando em espaços tradicionalmente de maioria masculina.
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Ao acompanhar as lutas do irmão e incentiva por Anderson Firmino, Graziele começou a treinar e aos poucos se apaixonou pela modalidade, que tem crescido muito entre as mulheres, atraindo cada vez mais meninas para o esporte. No início, segundo ela, as jovens representavam entre 15% a 20% das pessoas que treinavam. . "Ter os meninos como maioria não foi tão difícil para nós. Ali nós treinávamos juntos e eles mesmos nos ajudavam no treinamento, nas corridas, no dia a dia", contou.
Graziele participou de vários campeonatos mundiais e a primeira medalha de ouro foi conquistada em 2015, na República Dominicana: "Foi muito novo para mim porque eu estava fazendo a transição de categoria. Eu estava na categoria 48 quilos e como eles já estavam pretendendo me colocar como uma atleta olímpica, tinha que subir minha categoria para 51 quilos. Eu me recordo que eu enfrentei uma menina para quem eu já tinha perdido em um campeonato anterior. Ali eu entrei com muita fé e muita gana de que eu iria ganhar e foi surpreendente para mim, uma experiência que jamais vou esquecer na minha vida".
O primeiro campeonato mundial de Graziele foi conquistado na Coreia do Sul, quando tinha 23 anos. A atleta também competiu na Índia, Rússia, Bolívia e Japão, onde disputou as Olimpíadas de Tóquio, em 2021. "Acho que Tóquio marcou a minha história na verdade. Como eu digo, quando somos crianças queríamos ir para o outro lado do mundo, e realmente Tóquio está do outro lado do mundo. É um sonho de criança concretizado, eu tinha vontade, mas eu nem sabia que eu iria estar lá e o que eu iria fazer. As Olimpíadas me proporcionaram isso: realizar um sonho de criança e ao mesmo tempo um sonho na minha profissão, que é o boxe".
Para a atleta, cada campeonato é um aprendizado sobre os recursos que cada país utiliza. "Alguns países são mais técnicos, outros são mais brutos nas lutas, então vamos conseguindo identificar como cada país luta para que nos próximos campeonatos possamos nos sobressair", disse. Sempre preparada para as lutas que ainda virão, ela conta que agora está voltando, após um tempo parada por conta de uma cirurgia em decorrência de uma lesão. Ela deve disputar os campeonatos paulista e estadual. Porém, o principal campeonato deste ano, segundo a atleta, será o brasileiro, que será disputado entre julho e setembro, e ela pretende voltar a ser número um no ranking nacional.
Projeto Alfa Boxe
Graziele também é presidente do projeto Alfaboxe, com sede no bairro Mogi Moderno, em Mogi das Cruzes, desde 2013. Trata-se de um projeto social voltado para jovens e crianças, com idades entre 6 e 16 anos. "Com certeza alguns atletas quando começam a treinar, passam dificuldade dentro de casa. Alguns têm que sair do esporte porque têm que trabalhar. Quando ingressei nesse projeto, eu comecei a enxergar que não é só boxe. O professor se preocupa como o aluno está indo na escola, em casa, então fui me aprofundando cada vez mais", contou. O projeto também faz campanhas de Natal e Dia das Crianças;
Os participantes do projeto, segundo a atleta têm o compromisso de não faltarem no treino e ir bem na escola. Depois que passam dos 16 anos de idade, eles são chamados de mantenedores, contribuindo com um valor para ajudar a manter a iniciativa. A maioria dos atendidos já lutam e têm a atleta como inspiração. "Várias pessoas do projeto já chegaram em mim e disseram que sou uma inspiração, e eu sou igual eles. Nós que estamos a frente temos que ser inspiração, porque eles começam a nos olhar e querer ser diferentes. Eles veem, assim como eu enxerguei, que o projeto social é algo diferente, que não é só o esporte, não é só ir ali e ‘’bater num saco’’ ou “trocar socos” e ir para casa. O esporte, não só o boxe, ele traz disciplina", destacou.
O projeto também tem parcerias em Poá, com o Boxe de Garagem, e em Arujá, além de professores em Suzano e Biritiba Mirim, que estão no comando da Alfa Boxe. Há ainda uma iniciativa dentro do Alfa Boxe que traz alunos de outros Estados, na faixa etária de 14 a 22 anos, que ficam em um alojamento no Conjunto Santo Ângelo. "Nós temos hoje meninos da Bahia, de Minas Gerais, e uma menina de Pernambuco. Assim vamos selecionando alguns lugares que não têm o acesso e a facilidade que São Paulo tem. Nós os trazemos para participar de campeonatos, porque são meninos que vão somente treinar e lutar, meninos que sonham em chegar em uma seleção brasileira, chegar em campeonatos internacionais", explica Graziele. Os interessados em colaborar podem entrar em contato pelo telefone (11) 97489-9514. Saiba mais nas redes sociais @alfaboxe1996
Inspiração
Encerrando a entrevista, a atleta deixou uma mensagem para as mulheres. "Eu nem preciso dizer que mulher tem todo o poder, toda gana, toda vontade. Mas a principal coisa, e que não podemos perder, é a nossa fé e esperança, que cada uma tem dentro do seu coração. Siga os teus planos e sonhos que com certeza vai dar certo".
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