O novo episódio do programa “Café com Mogi News” traz o pastor Bruno Ramos, o “Pastor Brunão”, líder da Primeira Igreja Batista (PIB) de Mogi das Cruzes, que teve destaque na pandemia do novo coronavírus (Covid-19) atuando em diversas ações de assistência à população em situação de vulnerabilidade. Atuando com os programas “Compartilhando o Amor”, “Um Quilo a Mais” e realizando ações junto à comunidade e com a congregação, Pastor Brunão falou também sobre o seu chamado à fé, a importância da união de todos os setores e o significado da fé. Saiba mais nesta entrevista especial ao Café com Mogi News.
Café com Mogi News - A fé é motor da alma e da sociedade, que nos impulsiona a fazer e ajudar ao próximo. Como começou esse chamado, como foi o começo dessa jornada?
Pastor Bruno Ramos: Não sou de um berço cristão, eu não frequentava enquanto criança. Tive um acesso maior aos 16 anos por meio de um amigo meu de balada. Ele que me levou para conhecer, e depois que entrei tive algumas experiências interessantes. Foi algo orgânico na minha vida entrar na igreja, começar uma vida entre os 16 e 17 anos na fé, me tornar um líder na igreja onde frequentava em São Paulo, na PIB do Brás. E depois de casado - encontrei minha esposa na igreja - recebi o chamado de Deus para ser pastor e decidi me dedicar.
CMN: E já são quantos anos nessa jornada?
Pastor Brunão: Estou nessa jornada há 21 anos.
CMN: Nestes 21 anos você criou o projeto Compartilhando o Amor, uma ação de assistência à comunidade mais vulnerável. Como surgiu essa iniciativa e como ela floresceu em Mogi das Cruzes e na região?
Pastor Brunão: O projeto já existia antes de eu chegar em Mogi. Mas a minha história com ação social teve inícío quando comecei a ser pastor em uma favela em Paraisópolis. Em 2020 eu vim para Mogi, onde o pastor presidente já havia criado o Compartilhando o Amor há alguns anos. É um projeto feito justamente para que a igreja saia das quatro paredes e faça a diferença na sociedade.
CMN: O senhor chega a Mogi num momento emblemático para a cidade e o mundo na pandemia do novo coronavírus. Como foi o trabalho do Compartilhando o Amor na PIB neste momento em que muitas pessoas estão com medo, perdidas, com fome e sede, com medo?
Pastor Brunão: Cheguei em janeiro de 2020. Meu filho nasceu em 9 de março de 2020, no dia 16 de março fecha tudo. Como gosto muito da ação social, descobrimos que o vírus estava tomando grandes proporções, que a economia tomaria um baque, e criamos alguns projetos a mais - um deles já no começo da pandemia chamado “Um quilo a mais”. No começo deste ano, fizemos uma conta e passamos de 60 toneladas de doações. O programa era um drive-thru de recebimento de alimento, com todos de máscaras e luvas, e ficávamos no portão da igreja todos os dias arrecadando os alimentos.
CMN: Quais outras ações vocês fizeram para mitigar a crise?
Pastor Brunão: Quando a crise apertou bastante, fizemos para os membros da igreja a campanha Auxílio Emergencial. Fizemos um auxílio emergencial para os membros da igreja desempregados, com três ajudas de custo. Compartilhando o Amor veio para isso também, uma semana inteira em que a gente sai da igreja e fizemos ações para pessoas com problemas psicológicos, a revitalização de uma escola rural da cidade, entrega de brinquedos e doces na Comunidade do Cano, em Jundiapeba, e fizemos no Parque da Cidade um evento para ajudar a nossa comunidade. Totalmente gratuito.
CMN:- Nestes 2 anos e meio, o senhor teve um levantamento de quantas pessoas foram atendidas pelos projetos da PIB?
Pastor Brunão: A gente não consegue ter essa mensuração, porque são vários projetos - em janeiro de 2020 foi quando tivemos uma grande chuva no Guarujá e descemos com um caminhão com água. A campanha Um Quilo a Mais teve 60 toneladas. Só no Compartilhando o Amor, atendemos no sábado mais de 1,2 mil pessoas.
CMN: São pessoas de vários pontos de Mogi e outras regiões?
Pastor Brunão: Nosso projeto é assim - quem precisa e chega é atendido. Claro que há uma triagem para quem é recorrente. Até hoje temos pessoas que recebem cestas básicas, e fazemos uma apuração maior. Na época, atendemos quem chegava.
CMN: Em agosto de 2022, notamos que a emergência sanitária da pandemia aqui, o medo dos hospitais cheios, recuou consideravelmente. A comunidade continuou engajada, houve uma queda nas doações comparando com março de 2020, abril de 2020?
Pastor Brunão: Houve sim, a dinâmica da doação é uma coisa que o brasileiro não faz com tanto afinco. Mas quando a campanha deu uma esmorecida, uma diminuída, juntamos o time dos pastores e líderes da igreja. Sempre tínhamos uma estratégia para que não desistissem do projeto. Há pessoas precisando de ajuda. Criei um slogan na época, e acredito que Deus já deu os recursos necessários para todos: “Se dividir direitinho, ninguém fica sem”.
CMN: No auge da pandemia houve um atrito entre o poder público, as igrejas e as entidades assistenciais sobre o que ficava aberto e o que ficava fechado. Como vocês superaram essa etapa?
Pastor Brunão: Obedecemos prontamente. Não discutimos, era um ponto. Não foi para nós uma crise, tanto que o dado que trazemos é que a nossa igreja cresceu na pandemia. Isso aconteceu por abrirmos a igreja apenas para parte social e toda a parte do cuidado espiritual e mental fazíamos online. Não tivemos problema. Quando pediram para fechar, fechamos. Não entramos em brigas online, discussões de internet entre Poder Público e Igreja.
CMN: Hoje, quantos fiéis participam da PIB de Mogi das Cruzes?
Pastor Brunão: Hoje são mais de 1,3 mil fiéis. Nós temos uma igreja cujo foco é primeiro é não ser apenas uma igreja por dentro. Nossa igreja dialoga muito com a sociedade: recentemente teve o aniversário da Santa Casa e um dos nossos pastores foi convidado a pregar. Sempre estamos participando de eventos na sociedade, estamos presentes. É um papel que não se resume ao culto de domingo, mas ajudar quem precisa.