Comemorado neste domingo (17), o Dia Nacional do Patrimônio Cultural celebra a memória e a história das cidades. Em Mogi das Cruzes, a data é marcada com programação que visa fortalecer o sentimento de pertencimento. Prestes a completar 465 anos, no dia 1 de setembro, o município é um mosaico de tradições, festas, paisagens e construções centenárias, em que cada patrimônio, material ou imaterial, revela parte da identidade coletiva, segundo especialistas no tema, que destacam os avanços conquistados pela cidade nos últimos anos.

Para o diretor do Departamento de Patrimônio e Arquivo Histórico da Prefeitura de Mogi das Cruzes, Ubirajara Nunes, o patrimônio, tanto material quanto imaterial, é o legado deixado, e a preservação significa permanecimento. “Imagina se a gente tivesse essas paisagens transformadas sempre. A gente não ia ter nenhum tipo de memória”, reflete ao detalhar que o patrimônio trata de um conjunto de bens com valor histórico, artístico, arqueológico, entre outros.

Segundo Nunes, Mogi é privilegiada por sua história. “Temos centenárias igrejas, como as do Carmo, que dialogam com o estabelecimento da cidade, e festas tradicionais, como a do Divino, que está em processo de reconhecimento como patrimônio imaterial do Brasil. São bens que moldam a identidade da cidade e têm relevância nacional”. A Festa do Divino Espírito Santo completou 412 anos em 2025. 

Vinculado à Secretaria Municipal  de Cultura, o Departamento de Patrimônio, criado em 2022, reúne programas que aproximam a população da história local, como o Roteiro do Patrimônio., que tem grande procura e deve ser ampliado no próximo ano A programação permanente inclui visitas guiadas a museus, centros históricos e distritos como Sabaúna e Taiaçupeba, apresentando o surgimento da cidade e marcos naturais, como o rio Tietê e a Serra do Itapeti. “A educação patrimonial é o primeiro passo para aproximar o cidadão do território e de sua história”, finaliza o diretor. 

Semana e Jornada do Patrimônio

Para marcar o Dia Nacional, Mogi promove a 3ª Semana do Patrimônio em Mogi, com atividades que vão até este domingo, abrangendo tanto o Centro Histórico quanto distritos da cidade. Hoje será realizado mais um passeio guiado pelas ruas do centro histórico, pelo projeto Roteiros do Patrimônio. Em uma jornada de histórias e curiosidades, os participantes serão conduzidos pelo mediador cultural Dorival Martins e pelo diretor Nunes, com ponto de encontro no Largo do Carmo.

Mogi também recebeu nos primeiros dias de agosto a Jornada do Patrimônio, promovida pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado, com co-realização da Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura. O mote do evento foi destacar a importância da malha ferroviária no desenvolvimento das cidades paulistas.

No último dia 11, representantes de Mogi estiveram na 1ª Semana do Patrimônio de Santos, em que foi abordada a criação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico - Comphap, em 2003, e do Conselho Municipal de Cultura - COMUC, em 2005, e a aprovação do Plano Municipal de Cultura - PMC, em 2019, estabelecendo diretrizes nos diversos eixos artísticos até 2030. Segundo Nunes, a participação em eventos como esse permite a troca de experiências, a valorização da memória local e a aproximação da população com o patrimônio histórico de forma lúdica e educativa. 

“Hoje Mogi se tornou uma referência. O nosso departamento foi criado por diretriz do Plano de Cultura e temos hoje muitas cidades que estão pensando só agora na elaboração do plano”, destacou Nunes, citando que a cidade tem dezenas de profissionais que se dedicam em manter vivo o patrimônio local. 

Conselhos e programas

Mogi, segundo Nunes, conta com dois conselhos que trabalham com o patrimônio: o COMUC e o Comphap, que  debatem políticas públicas e encaminham demandas e diretrizes para a Secretaria de Cultura,. Desde a criação do Plano Municipal, em 2019, a cidade possui um cronograma de ações voltadas à preservação e promoção de bens culturais.

A arquiteta Ana Sandim, vice-presidente do Comphap, reforça a importância do patrimônio para o sentimento de pertencimento da população. Ela explica que a data nacional é fundamental para valorizar as tradições e que a preservação inclui tanto registros materiais, como prédios, quanto tradições orais e músicas.“O crucial é preservar, mas também promover e disseminar o que são esses bens culturais, protegendo e promovendo, usando como base de leis e decretos para dar garantia que continuem entre a gente”, aponta.

Os bens culturais, segundo Ana, fazem parte da posse da coletividade e o Comphap atua para proteger esses imóveis e locais de interesse histórico. Ela destaca que a interação entre Prefeitura, Promotoria e Conselho, que aumentou no pós-pandemia, permitindo ações de recuperação e preservação de prédios danificados: “Na hora que um bem, um casarão é corrigido ou tratado, quem se beneficia é a sociedade. Hoje, as pessoas estão nos procurando para fazer a recuperação, em vez de demolir”, destaca.

Para mais avanços na preservação, a arquiteta ressalta a necessidade de conscientização desde a infância. “Quando transformamos nosso trabalho em educação patrimonial, com público infantil e juvenil explorando a história de Mogi das Cruzes, isso se transforma numa questão dinâmica. As pessoas começam a olhar de outra forma”, conclui.

Galeria


Foto 1 - Ana Sandim é vice-presidente do Comphap 
Foto 2 -  O diretor do Departamento de Patrimônio e Arquivo Histórico, Ubirajara Nunes