O Gabinete do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos na Colômbia condenou hoje os dois atentados contra um helicóptero da polícia e uma base aérea, que deixaram, pelo menos, 18 mortos e mais de 50 feridos. “Condenamos o ataque indiscriminado com explosivos em Cali que, até o momento, deixou pelo menos cinco civis mortos e 42 feridos”, afirmou o organismo na rede social X, antes de as próprias autoridades colombianas confirmarem que o número de mortos e feridos neste ataque, principalmente, subiu para seis e 65, respectivamente. Horas antes, outro ataque, aparentemente com um drone, contra um helicóptero da polícia da brigada antidroga na localidade de Amalfi, no departamento de Antioquia, matou, pelo menos 12 policiais. O escritório das Nações Unidas apelou aos grupos armados não estatais para que “respeitem os direitos humanos e o direito internacional humanitário (DIH), em particular o princípio da distinção”, que obriga diferenciar combatentes da população civil, para evitar ataques contra pessoas não envolvidas no conflito. “Apelamos ao Estado para que atenda às vítimas e avance com as investigações pertinentes para esclarecer os fatos e garantir a justiça”, acrescentou. O segundo ataque ocorreu na tarde dessa quinta-feira (21) nas proximidades da Escola Militar de Aviação Marco Fidel Suárez, numa avenida movimentada de Cali, a principal cidade do sudoeste do país. O presidente colombiano, Gustavo Petro, atribuiu os fatos ao Estado Maior Central (EMC), a maior dissidência da antiga guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e afirmou que eles foram uma “reação terrorista” a uma ofensiva do Exército colombiano na região do Cañón del Micay, no departamento vizinho de Cauca, contra o grupo armado. Relativamente ao ataque em Amalfi, na Antioquia, o escritório da ONU condenou “a morte violenta de 12 policiais e um número ainda por determinar de feridos, pelo ataque ao helicóptero em que se deslocavam enquanto realizavam tarefas de segurança pública”. A organização manifestou condolências às famílias das vítimas e voltou a exortar os grupos armados não estatais a respeitar os direitos humanos e as autoridades a “investigar, julgar e punir os responsáveis”. A responsabilidade foi imputada pelas autoridades colombianas ao EMC, liderado por Néstor Vera, conhecido como “Iván Mordisco”, que opera nos departamentos do sul, leste e oeste da Colômbia. Os dois ataques levaram diversos setores da sociedade colombiana a exigir do governo de Petro ações contundentes contra os grupos armados ilegais, cuja violência se intensificou nos últimos meses. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha alertou que, em 2024, o conflito armado colombiano atingiu seu ponto mais crítico desde o acordo de paz com as Farc em 2016. Para o comitê, 2025 se mostra como o ano com as piores condições humanitárias da última década. *É proibida a reprodução deste conteúdo.