O gabinete de Segurança de Israel, responsável pela a ofensiva em Gaza, aprovou durante a noite um plano para retomar o acesso de ajuda humanitária que está completamente bloqueado desde 2 de março, informa nesta segunda-feira (5) a imprensa nacional. De acordo com o diário Israel Hayom, o gabinete também aprovou um aumento gradual da pressão militar sobre o enclave, além do esforço junto ao Hamas para aceitar um cessar-fogo. Sobre o plano para retomar o acesso da ajuda humanitária a Gaza, o diário Yediot Ahronot informa que alguns ministros se opuseram à ideia de permitir que alimentos, remédios e outros bens essenciais voltem a ser distribuídos no território palestino após um bloqueio de mais de dois meses. Israel bloqueou, em março, o acesso de ajuda humanitária a Gaza para impedir o Hamas de ter acesso ao material que entra na Faixa. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, conhecido por ser ultranacionalista, disse durante reunião que "não há necessidade de introduzir ajuda [em Gaza]" e que "os armazéns de alimentos do Hamas devem ser bombardeados", provocando o que a imprensa local descreveu como uma discussão acalorada com o chefe do Estado-Maior do Exército, Eyal Zamir. "[Essa posição] nos põe em perigo. O direito internacional existe. Não podemos matar a Faixa de Gaza de fome. As suas declarações são perigosas", teria dito o chefe do Exército, segundo a emissora israelense Canal 12. Este é o maior bloqueio de Israel no enclave desde o início da ofensiva. Paralelamente, a agência de notícias AFP informa que o gabinete político de segurança israelense aprovou a possibilidade de "distribuição humanitária, se necessário" na Faixa de Gaza, uma decisão marcada por discussões, uma vez que alguns ministros defendem que há comida suficiente em Gaza. Organizações internacionais de ajuda humanitária dizem que estão ficando sem tudo na Faixa de Gaza, devastada por mais de um ano e meio de guerra entre o movimento islâmico palestino Hamas e Israel. Antes do cessar-fogo, a entrada de ajuda era significativamente limitada: a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) registrou o acesso de cerca de 92 caminhões por dia em Gaza em novembro de 2024, enquanto antes da guerra eram de cerca de 500, o que já era considerado insuficiente. "O gabinete decidiu nesse domingo à noite expandir a operação militar dentro de Gaza, não para manter a segurança de Israel, mas para salvar Netanyahu e seu governo extremista", denunciou Yair Golan, líder dos democratas progressistas, na rede social X. O jornal Ahronot noticiou hoje que a ampliação das operações em Gaza passa pela ocupação de mais território no enclave e pela deslocamento forçado de sua população para o sul, onde o Exército já ocupou grande parte do território ao tomar a cidade de Rafah. A “zona humanitária” de Mawasi (sul), que o Exército descreveu como segura para os deslocados, deixou de ser considerada assim por Israel em 18 de março. “Estamos passando do método das incursões para o da ocupação do território e da sua permanência”, declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu durante reunião, cita o jornal Ahronot. *É proibida a reprodução deste conteúdo.   Relacionadas Papamóvel será transformado em unidade de saúde para crianças em Gaza EUA defendem na ONU bloqueio de ajuda humanitária por Israel em Gaza Brasil pede que Corte da ONU declare ilegal bloqueio de Israel a Gaza