Os equatorianos votam neste no domingo no que se espera ser uma disputa presidencial acirrada entre o presidente Daniel Noboa, que diz precisar de mais tempo para combater as gangues de medicamentos e impulsionar a economia, e a esquerdista Luisa González, cuja eleição marcaria um retorno às políticas socialistas que governaram o país por uma década. Assassinatos, contrabando de armas, roubo de combustível, extorsão e outros crimes cometidos por grupos criminosos locais aliados a cartéis mexicanos e à máfia albanesa aumentaram nos últimos 5 anos, à medida que a economia lutava para se recuperar após a pandemia e o desemprego aumentava. Noboa, que está na presidência há pouco mais de 16 meses após derrotar González na disputa de 2023 para encerrar o mandato de seu antecessor, terminou apenas 16.746 votos à frente da sua rival no primeiro turno em fevereiro, e as pesquisas dizem que qualquer um deles pode vencer. Ambos os candidatos, assim como o mentor de González, o ex-presidente Rafael Correa, pediram aos seus observadores que se previnam contra possíveis fraudes. Cada um deles conta com mais de 45.000 observadores em locais de votação. Nenhum resultado definitivo será anunciado até que todos os votos sejam contados, disse Diana Atamaint, chefe do Conselho Eleitoral Nacional, na manhã deste domingo, embora as contagens iniciais sejam esperadas a partir das 18h, horário local (20h no horário de Brasília). "Devemos rejeitar firmemente a narrativa de fraude. As acusações infundadas não só prejudicam esta instituição, mas também a confiança na nossa própria democracia", disse Atamaint, enquanto González, que votou na província costeira de Manabi, pediu aos apoiadores que guardassem cada voto. Noboa, um herdeiro empresarial de 37 anos de idade, diz que seu plano de segurança Phoenix, incluindo mobilizações militares nas ruas, reforço da segurança portuária e mais apreensões de medicamentos e armas, está rendendo frutos, incluindo uma redução de 15% nas mortes violentas no ano passado. "Os equatorianos querem mudanças de verdade", disse Noboa em seu último evento de campanha em Guayaquil, na quinta-feira (10).  "Neste domingo, daremos uma lição àquela revolução fracassada, àqueles maus funcionários que nos atacam, a todas as máfias que nos tiraram a paz e a toda a corrupção que nos impediu de avançar", afirmou. Noboa votou em Olon, acompanhado de sua esposa e filhos. Ele estimou um crescimento econômico de 4% este ano se suas políticas – incluindo um aumento na arrecadação de impostos e algumas medidas de austeridade – forem mantidas. Noboa prometeu evitar novos cortes de energia e impulsionar o setor petrolífero com investimentos privados. Ele também tomou medidas recentes - como distribuir pagamentos a pessoas afetadas por vazamentos de óleo e pequenas empresas atingidas por enchentes - que parecem ter como objetivo ganhar votos. "Estou cansada dos mesmos políticos do passado", disse Nubia Armas, de 52 anos de idade, que votou em Noboa, em Quito. "Ele é um jovem que representa novas ideias para o país. Confio nos planos dele", disse a eleitora. Mas González, que prometeu reviver os programas sociais promulgados por Correa durante sua década no poder, a partir de 2007, bem como melhorar a segurança, diz que Noboa improvisou sua governança. Melhor ou pior? "Sua vida melhorou nestes 15 meses? Ou piorou? Você tem a resposta: na sua carteira, na sua casa, no seu coração", disse a candidata em um vídeo nas redes sociais na quinta-feira.  "Neste domingo, escolhemos entre continuar caindo e nos levantarmos juntos para defender a esperança". González destacou um aumento anual nos assassinatos em janeiro e fevereiro como evidência de que os equatorianos continuam inseguros e disse que mobilizará 20.000 novos policiais se vencer. Ela garantiu o apoio de uma parte significativa do movimento indígena do país, embora grupos indígenas na Amazônia digam que apoiarão Noboa. "Os esforços do atual governo foram inúteis. Estamos realmente dependendo deste voto. Estamos preocupados em não encontrar a paz que tanto desejamos para o nosso Equador", disse a dona de casa Cinthya Pineda, de 40 anos de idade, após votar em González, em Guayaquil. González, que disse durante sua campanha de 2023 que poderia usar reservas internacionais para programas sociais, precisaria administrar relacionamentos delicados com o Fundo Monetário Internacional, investidores estrangeiros e o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, se eleita. González seria a primeira mulher eleita presidente do Equador se vencesse. Ela afirmou que governará, e não Correa, mas alguns parlamentares do partido Revolução Cidadã sugeriram que o ex-presidente – condenado a 8 anos de prisão por corrupção em 2020 e atualmente morando na Bélgica – poderia retornar ao Equador. Correa alertou que Noboa não entregará o poder, embora não tenha apresentado provas. Noboa já havia dito que reconheceria os resultados desde que não houvesse indícios de fraude. * Reportagem adicional de Tito Correa, em Quito, e Libby George, em Londres Relacionadas Eleição presidencial do Equador terá 2º turno entre Noboa e esquerda Equador determina série de cortes de energia por causa de seca severa