Grupos de venezuelanos se manifestaram nesse domingo (1º) em várias regiões do país para pedir o fim da repressão e a liberdade para os presos políticos. Pediram também que o Tribunal Penal Internacional (TPI) faça justiça em relação aos crimes contra a humanidade, que teriam sido cometidos pelo governo da Venezuela. Os protestos foram feitos por pequenos grupos de pessoas que exibiram as palmas das mãos pintadas de vermelho, com mensagens como “já chega”, “justiça” e “liberdade”. Longe das marchas do passado, em Chacao e outras regiões do leste da capital, os grupos passavam às vezes despercebidos, apesar de alguns deles levarem pequenos cartazes com mensagens como “Edmundo presidente” e “basta de abusos”, numa referência ao candidato presidencial da oposição (Edmundo González). “Queremos ver todos os presos políticos libertados e que o TPI atue rapidamente”, disse uma das manifestantes à Agência Lusa, destacando que “mesmo com pouca presença nas ruas, os venezuelanos continuam a lutar por um país livre”. Quando questionada sobre a sua identidade, disse chamar-se “'Senhora Liberdade«, nada mais que isso”. “Ninguém quer ser identificado, menos quando já estamos em dezembro e vem o Natal. Neste momento, ser levado preso significa que se passará o Natal distante da família e ninguém quer isso”, justificou. Fotos e vídeos nas redes sociais venezuelanas mostram grupos de pessoas em protestos em várias cidades do interior, entre elas Barinas, Barquisimeto, Bolívar e Valência. Os protestos ocorreram no mesmo dia em que a líder da oposição Maria Corina Machado instou os cidadãos a pedir ao Tribunal Penal Internacional que faça justiça em relação aos crimes contra a humanidade que seriam cometidos pelo governo da Venezuela. “Hoje elevamos o nosso clamor unânime perante o Tribunal Penal Internacional, onde já apresentamos provas suficientes para que seja feita justiça. Em todas as cidades do mundo onde há um venezuelano, protestamos para levar uma mensagem muito clara: TPI, atua agora”, apelou num áudio divulgado nas redes sociais. “Deus nos fez-nos livres e, portanto, capazes de forjar o nosso próprio destino. Devemos nos preparar para derrubar os velhos muros que nos separam deste novo tempo. Um tempo que já decretamos nas últimas eleições [presidenciais, de 28 de julho], quando elegemos Edmundo González como nosso novo presidente”, afirmou. A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho. C Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória ao candidato à reeleição Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos. A oposição venezuelana e muitos países denunciaram fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente. Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registro, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela ainda não divulgou as atas do pleito por seção de votação. Relacionadas Em resposta aos EUA, Venezuela aprova lei que pune apoio a sanções Governo da Venezuela liberta mais prisioneiros