A União Europeia, os Estados Unidos e outros países ricos presentes na cúpula da COP29 neste sábado (23) aumentaram para US$ 300 bilhões por ano a oferta de financiamento climático para países em desenvolvimento que enfrentam as mudanças climáticas, em uma tentativa de destravar negociações cada vez mais tensas, que agora estão em prorrogação. A cúpula deveria terminar na sexta-feira, mas teve horas extras enquanto negociadores de quase 200 países — que devem adotar o acordo por consenso — tentavam chegar a um acordo sobre um plano de financiamento climático para a próxima década. Uma proposta de acordo de US$ 250 bilhões, elaborada pela presidência da COP29 do Azerbaijão na sexta-feira, foi considerada lamentavelmente insuficiente pelos países em desenvolvimento. Não ficou claro se a oferta revisada dos países ricos seria suficiente para levar a um acordo, mas negociadores de países em desenvolvimento e nações insulares expressaram frustração neste sábado com um processo que eles disseram não ser inclusivo e abandonaram temporariamente as negociações. As negociações da COP29 expuseram as divisões entre governos ricos limitados por orçamentos internos apertados e nações em desenvolvimento sofrendo com os altos custos de tempestades, inundações e secas provocadas pelas mudanças climáticas. Falhas passadas no cumprimento das obrigações de financiamento climático também deixaram os países em desenvolvimento desconfiados em relação a novas promessas. A nova meta visa substituir o compromisso anterior dos países desenvolvidos de fornecer US$ 100 bilhões em financiamento climático para nações mais pobres por ano até 2020. Essa meta foi cumprida com dois anos de atraso, em 2022, e expira em 2025. Cinco fontes com conhecimento das discussões a portas fechadas disseram que a União Europeia concordou que poderia aceitar o número maior de US$ 300 bilhões por ano. Duas das fontes disseram que os Estados Unidos, a Austrália e a o Reino Unido concordaram. Um porta-voz da Comissão Europeia e um porta-voz do governo australiano se recusaram a comentar as negociações. A delegação dos EUA na COP29 e o ministério de energia do Reino Unido não responderam imediatamente aos pedidos de comentários. Sem nenhuma atualização formal do rascunho do acordo da presidência da COP29, o clima estava tenso entre os grupos de negociação. "Não há clareza sobre o caminho a seguir. Não há clareza sobre a vontade política que precisamos para sair disso", disse o principal negociador do Panamá, Juan Carlos Monterrey Gomez. Representantes dos países menos desenvolvidos e dos blocos de pequenas nações insulares saíram da sala de negociações na tarde deste sábado frustrados com o processo, mas disseram que continuam comprometidos em encontrar um acordo. "Saímos temporariamente, mas continuamos interessados nas negociações até chegarmos a um acordo justo", disse o presidente do bloco LDC, Evans Njewa, em uma publicação no X. A Aliança dos Pequenos Estados Insulares emitiu uma declaração confirmando que também se afastou temporariamente da negociação. "Não queremos nada mais do que continuar a nos envolver, mas o processo deve ser inclusivo", afirmou. O enviado climático dos EUA, John Podesta, disse esperar que as negociações avancem em direção a um acordo. "Espero que esta seja a tempestade antes da calmaria", disse ele. Relacionadas COP29: negociação climática propõe US$ 250 bilhões ao ano Jovens do Sul Global ganham voz ao terem delegação na COP 29 COP29: Marina reforça necessidade de avanço sobre financiamento