Retratar os dilemas e as sagas familiares às margens do rio São Francisco é um projeto antigo de Benedito Ruy Barbosa. Autor intimamente ligado às questões sociais e agrárias, ele visitou pela primeira vez a região que ambienta a trama de "Velho Chico" quando era repórter do jornal carioca "A Última Hora", em meados dos anos 1970.
Ao longo das décadas seguintes, Benedito continuou a visitar cidades banhadas pelas águas do São Francisco e acompanhou a poluição e a aridez que assola um dos principais símbolos do Nordeste. "Foi triste ver o que aconteceu ao longo do tempo. Esse trabalho é minha homenagem ao rio e sua população", conta o autor, sobre a novela que estreia na Globo amanhã.
Cerca de dez anos separam a entrega da sinopse de "Velho Chico" à Globo e o "sinal verde" da emissora para iniciar a produção. Pensado como uma minissérie, o projeto chegaria ao ar neste ano como uma novela mais curta na faixa das seis.
A "crise" enfrentada pelo setor de teledramaturgia da emissora com seus folhetins realistas e contemporâneos recolocaram Benedito e sua produção no páreo para o horário das nove. E na companhia fiel de Luiz Fernando Carvalho, o autor surge como supervisor do texto, agora assinado por Edmara e Bruno Barbosa, filha e neto de Benedito.
Dividida em duas fases, uma ambientada no final dos anos 1960 - e que tem previsão de duração de 25 capítulos - e a outra nos dias atuais, "Velho Chico" começa retratando as disputas por terras e pelo poder político na cidade de Grotas do São Francisco. De um lado está o poderoso Coronel Jacinto, de Tarcísio Meira, dono de grande parte das fazendas da região e comandante da política local. Na outra ponta reside o generoso e correto Capitão Ernesto, de Rodrigo Lombardi, dono de terras que despertam a cobiça de Jacinto.
A luta entre os dois acaba atravessando gerações e se centra na figura forte e errante de Afrânio, papel defendido por Rodrigo Santoro na primeira fase e Antonio Fagundes na segunda. 
A questão agrária é predominante em "Velho Chico", mas o protagonismo é mesmo das grandes histórias de amor. Quando jovem, Afrânio se apaixona pela cantora Iolanda, papel vivido por Carol Castro e Christiane Torloni, mas acaba se casando com a inocente Leonor, personagem defendida pela estreante Marina Nery.
O elenco da trama é composto por nomes fortes do "casting" da emissora, como Camila Pitanga, Marcos Palmeira, Dira Paes e Marcelo Serrado. Mas também tem novatos como Lucy Alves, Lee Taylor, Gabriel Leone e Giullia Buscacio em importanes papéis. ("Velho Chico", Globo. De segunda-feira a sábado, 21h20)