Durante o mês de setembro, a campanha “De olho nos olhinhos” tem percorrido shoppings centers, hospitais e demais espaços públicos e privados a fim de conscientizar pais e responsáveis sobre o diagnóstico precoce do câncer de olhos, conhecido como retinoblastoma. A doença ganhou destaque nacional após o casal Tiago Leifert e Daiana Garbin tornar público, em janeiro de 2022, o caso da sua filha Lua, na época com 11 meses, diagnosticada com a doença em estágio avançado. A conscientização sobre os cânceres infantis é o tema da campanha Setembro Dourado. 

De lá para cá, o casal tem aproveitado a sua influência na mídia para chamar atenção para a doença, que é silenciosa e fatal quando descoberta em estágio avançado. “O retinoblastoma é o tumor primário mais comum no olho de crianças e se desenvolve no início da infância ou desde o nascimento. Ele surge das células da retina e pode afetar um ou os dois olhos, sendo o seu principal sintoma a presença de um reflexo branco na pupila (leucocoria), vulgarmente conhecido como reflexo do olho do gato”,  explica o oncologista e hematologista pediátrico do Centro Oncológico Mogi das Cruzes, Dr. Roberto Plaza.

Segundo o especialista, existem três tipos de retinoblastoma, a maioria dos casos, entre 60% e 75%, é unilateral, quando afeta um olho. Destes, 85% são esporádicos, e os demais são casos hereditários. Já o bilateral é quando os dois olhos são afetados, sendo quase sempre hereditário. Já o retinoblastoma trilateral, é quando uma criança com tumor hereditário nos dois olhos também apresenta tumor associado nas células nervosas primitivas do cérebro.

 Leucemias agudas 

No entanto, apesar da agressividade deste tipo de tumor, Dr. Roberto Plaza destaca que, segundo dados do Ministério da Saúde, o retinoblastoma representa cerca de 3% dos cânceres infantis, chegando a uma média de 400 casos por ano. “Os cânceres mais comuns da infância são as leucemias agudas que correspondem a 30%, seguidos dos tumores de sistema nervoso central (20%), linfomas (12%) e alguns tumores sólidos embrionários que acometem a região abdominal que são o neuroblastoma (supra-renal) e Tumor de Wilms (tumor renal) ambos correspondendo a 7% dos cânceres infantis”, ressalta o onco hematologista pediátrico.

Ele frisa que como não se conhecem com precisão os fatores que causam a leucemia, não existe uma forma de prevenção. Por isso, é importante manter uma rotina de cuidados das crianças, com visitas regulares ao pediatra, até porque a leucemia pode ser confundida com outras doenças infecciosas. “Quanto mais cedo se faz o diagnóstico, melhor será a sua classificação de risco, menores serão as complicações que a doença pode provocar”, alerta.

Em caso suspeito, o primeiro exame a ser feito é um hemograma simples onde poderão ser constatadas a anemia, a diminuição dos glóbulos brancos saudáveis ou mesmo aumento de glóbulos brancos malignos (chamados de blastos) e diminuição das plaquetas (células responsáveis por evitar que sangremos). Já para o diagnóstico definitivo o paciente deverá ser submetido a uma punção aspirativa da medula óssea com uma agulha, exame conhecido como mielograma.

Diagnóstico precoce

Em geral, os cânceres infantis têm um bom prognóstico quando são descobertos em fase inicial, pois quanto mais localizados, menos intensivos serão os tratamentos e menos complicações o que paciente terá. No caso das leucemias agudas, principalmente a leucemia linfóide aguda que corresponde a maioria dos casos, podem apresentar até 85% de cura com o tratamento, feito através da  combinação de agentes quimioterápicos.