Setembro terminou nesta semana, e entre outras cores, foi vermelho para conscientizar a população sobre a importância das doenças cardiovasculares, que hoje são a principal causa de mortalidade no mundo e no Brasil. Especialmente a doença coronária (infarto) e o acidente vascular cerebral (AVC) causam mais de 250 mil mortes por ano no país e em torno de 50% podem ser evitadas com medida de prevenção. Prestar atenção ao ritmo da vida, aos hábitos e aos sinais do corpo é fundamental para que evitar mortes e sofrimento por esses problemas. 

O mês de setembro foi escolhido para a campanha, quando no dia 29 comemora-se o Dia Mundial do Coração, iniciativa criada em 2000 pela Federação Mundial do Coração com apoio das Nações Unidas. Mas a atenção à saúde do coração deve acontecer todos os dias do ano. O InCor do HC-FMUSP lançou campanha para envolver a população e os profissionais de saúde em uma única voz, a voz do coração.

"Hoje as doenças do coração não estão relacionadas apenas ao envelhecimento e vêm causando mortes prematuras, perda de qualidade de vida, além de impacto econômico e social. Isso significa que, quanto mais cedo alguns cuidados forem adotados, melhor será a expectativa de que a pessoa não sofra do coração", alerta Dr. Roberto Kalil, cardiologista e presidente do Conselho Diretor do InCor.

Estatísticas da Sociedade Brasileira de Cardiologia mostram que homens e mulheres são afetados por doenças do coração em taxas parecidas e que, nos últimos anos, a prevalência de casos vem subindo entre pessoas de 15 a 49 anos de idade. Estudos mostram ainda que as causas que elevam a ocorrência de ataques cardíacos e AVCs geralmente são uma combinação de fatores de risco, como o tabagismo, dieta baseada em alimentos industrializados, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, obesidade, sedentarismo, hipertensão, diabetes e colesterol alto. Existem também as cardiopatias congênitas e aquelas relacionadas a fatores hereditários.

"Quando a gente avalia as causas relacionadas a problemas cardiovasculares, vê-se que é possível prevenir com mudança de comportamento e estilo de vida, que inclui dietas saudáveis e a prática de atividade física. É preciso evitar o consumo de substâncias que fazem mal ao organismo, elevam a pressão arterial, o nível de glicemia e o sobrepeso, que são facilitadores de ataques cardíacos, de acidentes vasculares cerebrais e de insuficiência cardíaca", explica Kalil. O especialista ressalta que, além de ser extremamente importante, a prevenção abre possibilidades para melhoras do estilo e qualidade de vida.

Alerta  

A campanha também alertou para a importância de reconhecer os sinais críticos. A Estatística Cardiovascular do Brasil cita estudos que indicam uma falta de conhecimento sobre os sintomas mais comuns. Em um questionário descrito no documento, 50% das pessoas não conseguiram identificar corretamente um sinal de AVC e somente 51,4% dos entrevistados disseram que chamariam uma ambulância para um familiar com sintomas, questão preocupante, pois apenas 30% a 40% dos pacientes com AVC são hospitalizados nas primeiras 4 horas após início dos sintomas, tempo crucial para rápida intervenção.