O carro é o hábitat de centenas de bactérias, levadas por motorista e passageiros às maçanetas, manopla do câmbio, volante, bancos... Apesar da convivência, algumas são nocivas à saúde, principalmente de crianças, idosos e pessoas com sistema imunológico fragilizado.
O Neoprospecta, laboratório que atua no Hospital do Coração (HCor), realizou uma coleta em um Fiat Uno da frota de serviços de uma grande empresa - o modelo é usado no transporte de funcionários. Foram identificados 717 tipos de bactérias em 11 pontos: maçaneta externa e interna, haste de câmbio, assoalho, pedais, freio de estacionamento, banco do motorista, chave, volante, painel e alavanca que aciona as setas.
A coleta indicou que as bactérias mais frequentes foram as do gênero Acinetobacter, capazes de sobreviver em diversas superfícies e consideradas não-patogênicas (não nocivas) em indivíduos saudáveis.
Dos pontos de coleta, a maçaneta externa foi a área com maior número de sequências de DNA de bactérias - mais de 6.500. "Quanto mais pessoas encostam no local, maior a probabilidade de encontrarmos diferentes espécies, já que somos os principais 'encarregados' da distribuição dos micro-organismos ao encostar as mãos", explica o doutor em biologia molecular e diretor da Neoprospecta, Marcos Carvalho.
O segundo local com maior número de bactérias identificadas foi a alavanca de câmbio, com mais de 4.700 sequências, seguido por assoalho e pedais, com 3.200 cada. A especialista de produto da Neoprospecta Paloma Rubin lembra que a área mais suja nem sempre é a mais contaminada. Ela afirma que esses resultados não devem alarmar quem viaja no carro.
"Existem mais bactérias do que seres humanos no mundo. Tomando cuidados com a higiene e com onde colocamos as mãos (que devem ser lavadas regularmente), conseguimos nos 'proteger' delas", diz (A.E).