O assalto à uma transportadora de valores ocorrido na madrugada de ontem, no município de Santos, e que terminou se estendendo até algumas cidades do Alto Tietê, como Suzano e Mogi das Cruzes, revela o quanto a população - e a própria polícia -, estão "reféns" e, muitas vezes, "de mãos atadas", pela ação de quadrilhas articuladas e fortemente armadas.
Não bastasse a insegurança cotidiana de sair ou ficar dentro de casa, os cidadãos e profissionais da área de segurança precisam lidar, literalmente, com a sensação de impotência pela insegurança generalizada. A população porque não tem como se defender; e a polícia porque, em certos casos, parece estar "enxugando gelo", já que, resguardados os excessos e abusos de autoridade, prende para a Justiça soltar, por causa dos inúmeros benefícios e brechas na lei.
Exemplo disso é o caso do assassino confesso do cartunista Glauco e do filho dele, mortos em 2010. Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, havia sido detido pelo duplo homicídio, mas apenas quatro anos depois foi libertado de uma clínica psiquiátrica e ganhou novamente as ruas. Resultado: cometeu outros dois latrocínios (roubos seguidos de morte). Ontem, foi divulgada a morte dele em um presídio de Goiânia, após uma briga com um detento.
Aliada à essa falta de respaldo na lei, policiais civis e militares, assim como guardas civis municipais (GCMs), também não possuem, na maioria das vezes, meios ou equipamentos suficientes para responder à altura crimes graves como o de ontem.
Desnecessário dizer neste editorial que o armamento das polícias atualmente é defasado diante do que é adquirido, livremente, e utilizado pela bandidagem. Isso sem citar a falta de efetivo em muitas localidades, devido aos "claros" que não conseguem ser supridos, com brevidade, pela indisponibilidade de recursos e pela burocracia para a realização de mais concursos públicos.  
No roubo de ontem, policiais rodoviários e um morador de rua perderam a guerra contra a criminalidade, com o sacrifício das próprias vidas. Os militares no cumprimento do dever, simbolizando as forças de segurança, e o civil, representando o cidadão, já "sobreassaltado" ou sobretaxado, todos os dias, pelo governo. 
Resta, então, saber quantas mortes mais ou famílias terão que ser desgraçadas pela atuação sem freios do mundo do crime. Até porque não é e nunca deveria ser considerado "normal" viver em uma sociedade onde impera a falta de educação, de saúde, de cultura e de segurança.