O pedreiro Jorge Silva Nascimento, de 58 anos, foi preso anteontem na casa dele no Jardim América, em Poá, em uma ação conjunta do Setor de Homicídios (SH) de Itaquaquecetuba com investigadores da Delegacia de Poá, acusado de estupro de vulnerável. Nascimento é apontado como autor do abuso sexual de três crianças, duas meninas e um menino, de 8, 6 e 4 anos, que são filhos de um vizinho e amigo dele.
Ontem, o delegado Eduardo Boigues Queroz, titular do SH de Itaquá, concedeu entrevista coletiva à imprensa, onde explicou o caso. Tudo começou, segundo ele, quando uma tia das crianças desconfiou do comportamento de uma das meninas e resolveu conversar com ela. Foi quando a criança teria contado detalhes do que acontecia com ela e os irmãos, dentro da residência do vizinho da frente e amigo antigo do pai. A tia procurou o delegado Boigues e contou o que soube. As crianças foram ouvidas e confirmaram os fatos com riqueza de detalhes.
De posse de um mandado de prisão temporária de 30 dias, expedido pela Justiça, as equipes do SH e do Distrito Policial (DP) de Poá foram até o endereço, onde localizaram o homem na casa dele. Indagado sobre se dava alguns trocados para os menores ou se costumava assistir filmes pornográficos com eles, para que "imitassem os atores", conforme relato das próprias vítimas, o suspeito negou. Entretanto, ao ligarem o aparelho DVD e o televisor da residência, os policiais civis logo se depararam com um filme do tipo.
Dois minutos
Ao perguntarem ainda onde estava a cinta com que ele batia nas pernas das crianças, ameaçando-as para que não contassem nada a ninguém, o homem negou. Porém, uma cinta, bem como um facão - que ele também usaria nas ameaças -, foram localizados em cima de um guarda-roupa. "O acusado tem filhos e netos, mas morava só com a esposa, que está viajando. Quando o prendemos, o pai das crianças apareceu no portão e perguntou o que estava acontecendo. Ele ficou muito surpreso e custou a acreditar. Disse que só podia ser brincadeira ou um engano. Caiu em si quando ouviu a confissão dele na delegacia", descreveu Boigues.
O pai das crianças, em entrevista ao Dat, confirmou que considerava o acusado como "um irmão" e que não desconfiava que os filhos pudessem estar sendo abusados por ele. "Ele frequentava a minha casa direto. A gente confiava nele. Eu queria poder ficar dois minutos a sós com ele. Só isso", desabafou.