Depois de mais de dois anos com o ciclo de alta de juros, o Banco Central indicou ontem que o momento de parar chegou. No entanto, fez um alerta: se as expectativas de inflação e os preços começarem a subir demais e saírem do roteiro, poderá voltar atrás e continuar o aperto monetário.
O recado estava na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem. O encontro que elevou a taxa básica Selic para 14,25% ao ano ocorreu na semana passada. "Os riscos exigem que a política monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta", escreveram os diretores do BC no documento.
O objetivo do BC é fazer com que a inflação ceda para 4,5% no fim de 2016. A cúpula do BC deixou claro que a redução das metas fiscais para este ano, cujo superávit foi reduzido de R$ 66,3 bilhões para R$ 8,7 bilhões (0,15% do PIB), contaminou as expectativas do setor privado e até suas premissas usadas para as projeções de inflação.
A instituição ainda destacou que essa alteração deve impactar expectativas e preços de ativos, além de contribuir para criar uma percepção menos positiva sobre o ambiente macroeconômico no médio e no longo prazo.
A taxa do BC, comparada ao câmbio de ontem, está 11,2% defasada. Mais do que isso, se tornou um dos maiores fatores de incertezas para o futuro, por conta do impacto da crise política na cotação da moeda americana. O tema político, no entanto, não foi tratado no documento. (A.E.)