Famílias sem casa e sem alimentos, apenas com a roupa do corpo e com quase nada do que sobrou após a tempestade que caiu sobre as cidades de Poá e Ferraz de Vasconcelos. Esse foi o resultado da forte chuva que durou apenas 50 minutos na tarde do último sábado e causou o transbordamento dos córregos Tucunduva e Itaim - este passa no meio das cidades e deságua no Tietê.
Em Poá, sete pessoas ficaram desabrigadas e 150 desalojadas, segundo dados da Defesa Civil. A cidade ainda teve registro de uma pessoa ferida, quatro casas danificadas e uma destruída. As famílias desabrigadas foram encaminhadas para a Escola Municipal Heitor Gloeden, no Jardim Itamaraty, onde recebem assistência da prefeitura.
A chuva chegou na cidade com tanta violência que a enxurrada levou móveis, roupas e documentos de moradores água abaixo. Quem passava no centro de Poá, na avenida Leonor Bolsoni Marques da Silva, ainda via que, no córrego Itaim, boiavam sapatos e alguns objetos pessoais, além de alguns pilares destruídos. Muros da CPTM também foram derrubados com a força da água e invadiu até um canil, na avenida Padre Anchieta, onde alguns animais morreram afogados.
A professora Elaine Reis, de 36, anos, descreveu a situação como desesperadora. Ela, que mora na Vila Romana há apenas um mês, estava viajando no momento em que a água tomou conta de sua residência. "Quando cheguei tive a surpresa desagradável", contou. "Perdi sofá, máquina de lavar roupas, computadores, estante, guarda-roupas e várias outras coisas. Vou ter que recomeçar".
Ontem, quem passava pelo centro comercial da cidade se deparava com lojas de portas fechadas e as que estavam abertas faziam a limpeza e a organização do que restou.
O prejuízo para alguns comerciantes ultrapassa os R$ 100 mil em mercadorias e equipamentos perdidos, sem contar os dias que os estabelecimentos ficarão sem atender os clientes para se recuperarem. "Tudo que estava no balcão foi perdido", disse a gerente de uma papelaria Andréia Araújo, 38. "Logo agora, em período de volta às aulas".
Uma loja de calçados também perdeu quase todas as mercadorias, inclusive a vitrine foi destruída. "A força da água foi tão forte que derrubou a comporta. Corri para o estoque para me salvar, porque a água ficou numa altura que poderia ter me coberto", lembrou a vendedora Georgina Nascimento, 56. "Tentamos salvar o que pudemos, mas muita coisa foi perdida. Nem conseguimos calcular o prejuízo, mas, com certeza, vai passar de R$ 100 mil".
Uma farmácia no centro da cidade também ficou coberta por água e lama. "Perdemos todos os remédios de tarja preta e várias mercadorias. O prejuízo foi grande", avaliou o gerente Diogo Oliveira, 28. Todas as mercadorias que estavam no balcão também foram perdidas. "O prejuízo ainda será maior, porque acredito que vamos ficar até quinta-feira só arrumando a loja".