Criado para abrigar os ambulantes que trabalhavam nas ruas, o Centro Popular de Compras de Suzano, inaugurado há dois meses, parece não estar cumprindo seu papel, já que muitos vendedores estão abandonando seus boxes e permanecendo nas vias públicas em função do pouco movimento de clientes registrado dentro do galpão instalado na avenida Major Pinheiro Fróes, no Parque Maria Helena.
O Dat esteve ontem no local e registrou a presença de pelo menos cinco ambulantes trabalhando na calçada do próprio shopping popular, atrapalhando, inclusive, a entrada dos clientes.
A reportagem também encontrou vendedores que deixaram seus boxes e voltaram para a rua, sendo que com o dinheiro que recebem vendendo seus produtos fora conseguem pagar o valor do aluguel do box, que é R$ 400.
Em todo o quarteirão onde está localizado o centro de compras, bem como a praça da avenida Vereador João Batista Fitipaldi, para onde os ambulantes que deixaram a passarela do centro foram encaminhados até que os boxes ficassem prontos, é possível encontrar barracas para a venda de todo tipo de produtos, entre eles CDs falsos, cigarro, frutas, meias, correntes, pulseiras e óculos.
Providência
Para os vendedores que adquiriram o box no novo espaço, a solução para que o movimento no local aumente é retirar os ambulantes das ruas. "O combinado era todos se mudarem para cá, mas não veio quase ninguém. Muitos têm boxes aqui dentro, mas não deixaram a rua. O cliente não vai entrar se ele encontrar o produto lá fora. A prefeitura precisar proibir que essas pessoas continuem na rua", destacou a comerciante Fernanda Souza.
Após registrar em uma semana a venda de apenas uma camiseta infantil de R$ 6, Maria Luzinete Santos afirmou que a infraestrutura do Centro de Compras também prejudica as vendas.
"O centro de compras não tem divulgação, tem que concorrer com quem está na rua, não tem infraestrutura adequada para os comerciantes e isso tudo complica o nosso trabalho", declarou.
Para o vendedor Paulo da Silva, que trabalha há 28 anos na rua, a solução encontrada foi fechar o box que ele adquiriu no Centro de Compras e montar sua barraca novamente em
frente a estação de trem. "Eu só consigo pagar o aluguel com a venda que eu faço aqui fora. Não tem outro jeito. Enquanto todos não entrarem, a competição fica injusta, porque na rua o ambulante não tem custo nenhum, só lucro".