A saúde mental exerce influência direta sobre o funcionamento físico do corpo, e sua negligência pode desencadear uma série de complicações. Estados prolongados de estresse, ansiedade, tristeza profunda e sobrecarga emocional alteram a liberação de hormônios como cortisol e adrenalina, causando tensões musculares persistentes, diminuição da oxigenação tecidual, alterações no sono e redução da imunidade. Esses fatores contribuem para dores crônicas, fadiga intensa, cefaleias tensionais, distúrbios gastrintestinais e padrões respiratórios disfuncionais.

Quando o sofrimento emocional ultrapassa a capacidade de regulação do organismo, surgem as chamadas doenças psicossomáticas, nas quais a mente influencia diretamente o corpo. Fibromialgia, síndromes dolorosas, lombalgias recorrentes e alterações posturais podem ser intensificadas pelo impacto psicológico, limitando a funcionalidade e comprometendo atividades simples do cotidiano. O paciente passa a reduzir movimentos, perde condicionamento, evita esforços e, muitas vezes, acredita que a dor tem apenas origem estrutural, quando na verdade envolve um contexto biopsicossocial mais amplo.

Nesse cenário, a atuação do fisioterapeuta torna-se fundamental. Um profissional tecnicamente atualizado, empático e sensível às demandas emocionais consegue identificar comportamentos de proteção excessiva, medos relacionados ao movimento e padrões de dor amplificados pelo estresse. A fisioterapia funcional, aliada à educação em saúde, treino respiratório, mobilizações progressivas e estratégias de autocuidado, contribui para reorganizar padrões motores, reduzir tensões, restaurar a confiança no corpo e melhorar a percepção da dor.

A boa conduta do fisioterapeuta deve ser baseada em ética, escuta ativa, planejamento individualizado e comunicação clara isso é determinante para a evolução clínica da paciente. Cuidar da saúde física é também promover saúde mental, e essa integração é o caminho mais seguro para recuperar autonomia, funcionalidade e qualidade de vida.


Dr. Luiz Felipe Da Guarda é fisioterapeuta e Conselheiro Estadual de Assuntos da Pessoa com Deficiência