Debates sobre urbanismo e moradia social com a necessidade física de moradores em ambientes de vulnerabilidade, se acaloraram nas últimas semanas, após repercutir nas redes sociais, fotos do Google Maps de antes e depois do Conjunto Habitacional Novo Habitat, em Diadema. Os primeiros registros fotográficos, apresentam barracos amontoados. As imagens de 2019, mostram o projeto urbanístico da Prefeitura Municipal de Diadema com sobrados pintados, quintal e grama. Já as fotos desse ano, apresentam as casas com estrutura de “puxadinho” até o final do que era a calçada.
O projeto de 11 casas e mais 13 unidades habitacionais de um loteamento da região, custou na época, aproximadamente R$ 2,14 milhões, sendo considerado uma referência nacional para a população de baixa renda e um estudo de caso positivo até pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR). As diversas análises, críticas e discussões sobre o assunto, envolveram especialistas, militantes e políticos que procuravam respostas para a situação, sendo a maioria narrativas sem base, quando não, superficial.
Há três variáveis importantes para se pensar. A primeira, é que há formas do governo oferecer moradia digna e com urbanismo técnico profissional, assim como projetou a arquiteta e professora na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Fabricia Zulin. A segunda, é que moradia social não deve ter uma estrutura de material pobre e sem qualidade, como bem conhecemos, e a terceira e última, é que os moradores precisam ser contextualizados nessa nova estrutura, com apoio e direcionamentos emocionais, financeiros, de empreendedorismo, de mercado de trabalho, de aspectos legais e cidadania.
É possível identificar que urbanismo e moradia social, tem um encontro na linguagem popular: dá namoro, noivado e até casamento! Porém, assim como esses conceitos e palavras saíram de moda na atualidade, no mundo político-social, muitos negam a instituição de planejamento.
Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no divã” e “A vida de cão do Requis”.