O que seus alunos leem, ouvem, assistem? Quantos estão nas redes sociais? E quais deles são YouTubers? Você já fez essa pesquisa com suas turmas? Esses questionamentos sempre atravessam minhas aulas — especialmente por elas trabalharem com linguagens, inclusive as digitais.
Sempre me surpreendo com as respostas! Principalmente com os influenciadores que acompanham, os conteúdos que consomem, as trends que compartilham, os interesses que socializam. E, sim, tudo isso reflete em seus comportamentos. Alguns preservam a infância, com valores que mantêm a sua essência; outros se veem acima de suas faixas etárias, com conversas, intenções, comportamentos adultizados.
Muito do que expressam reflete o contexto em que vivem, mas, por outro lado — e não podemos negar — também é influenciado pelo que consomem no ambiente virtual. E eles estão conectados, com a exposição cada vez mais precoce nos canais digitais. É o que mostra a pesquisa TIC Kids Online (2024): 93% da população brasileira entre 9 e 17 anos utiliza a internet. O YouTube está entre as plataformas preferidas. Para se ter ideia, é acessado várias vezes ao dia por mais de 40% desse público, especialmente pelas crianças de 9 a 12 anos.
Parece impossível acompanhar o que os influencia. Mas é urgente o monitoramento, a fim de mostrar as possibilidades que o universo on-line oferece, para proteger essa geração de conteúdos maliciosos, mercadológicos e mal-intencionados.
Mais uma vez, a educação midiática entra em cena! Por meio dela, é possível desenvolver projetos que os ajudem a explorar as potencialidades do universo midiático, tecnológico e digital, e a reconhecer os seus malefícios.
Não podemos, contudo, delegar essa responsabilidade apenas à escola. Estar atento ao que essa faixa etária consome é dever da família e dos adultos ao redor. Trata-se de um trabalho colaborativo entre diversos atores sociais para que o desenvolvimento de crianças e adolescentes não se restrinja ao processo de escolarização, mas se estenda ao longo de sua formação. É urgente, portanto, um esforço coletivo para que a cultura digital seja vivenciada com responsabilidade.
Suéller Costa (sueller.costa@gmail.com) é jornalista, pedagoga, educomunicadora e pesquisadora. Doutoranda em Educação (FEUSP). Mestre em Ciências da Comunicação (ECA/USP). Especialista em Educomunicação (ECA/USP). Sócia da ABPEducom e APEP. Idealizadora do Educom Alto Tietê. Contatos: @educomaltotiete; @suellercosta
