O anúncio da taxação de 50% dos produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos vem movimentando os debates nas últimas semanas, e se for concretizado, a partir de agosto, como divulgou o presidente Donald Trump, deve impactar os setores produtivos e também a administração pública, como destacamos na edição digital de hoje. 

Certamente haverá prejuízos em todas as cidades do país, com reflexos negativos também na economia norte-americana. A prefeita de Ferraz de Vasconcelos, Priscila Gambale, divulgou em suas redes que a cidade pode ter prejuízos em torno de R$ 4 milhões, reduzindo investimentos em setores essenciais, como saúde e educação. Como sempre ocorre, infelizmente, o prejuízo maior pode recair sobre a população mais vulnerável. 

O  diálogo, como defendem os representantes do comércio e da indústria da região, no caso o presidente do Sincomércio, Valterli Martinez, e o diretor do Ciesp Alto Tietê, José Francisco Caseiro , deve ser o caminho para que essa situação seja revista e traga em vez dos prejuízos previstos, benefícios para todos os envolvidos. Este deveria ser o foco da política econômica internacional, claro que um lado provavelmente será mais favorecido, mas é fundamental que todos ganhem de alguma forma. 

Não se sabe se a taxação realmente será efetivada, mas só o anúncio já é preocupante. E também não se trata de qual lado está certo ou errado, isso cabe a cada um fazer sua avaliação, mas o que vemos hoje é uma disputa de narrativas, com base na polarização que vive o país nos últimos anos, o que dificulta o diálogo, e impede debates produtivos que possam trazer uma solução para o problema imposto pelo governo americano. 

Quando a economia, seja em um determinado setor ou de forma geral, é afetada, há queda nas vendas, redução do consumo, o que se reflete em toda cadeia produtivo, e afeta principalmente a geração de emprego, que não tem registrado números muitos positivos nos últimos meses. É preciso um olhar técnico sobre a questão, uma avaliação de seu impacto econômico para os dois países, para então avançarmos para a melhor solução possível.