Lá vamos nós, novamente, abordar criativas formas de relacionamento elaboradas ou desenterradas no disruptivo Século XXI. Digo novamente, pois na última coluna, apresentamos os casais LAT (Living Apart Together), ou seja, que não habitam um mesmo lar, com o primordial objetivo de não experimentar as consequências supostamente desagradáveis da convivência diária.
Agora é tempo de trilhar rumo a uma nomenclatura mais olfática e ter a oportunidade de desvendar o “casamento lavanda”, popular entre os mais jovens, com menos de trinta anos e que, basicamente, consiste numa forma de relacionamento sem envolver relações sexuais ou planos de ter filhos. É isso mesmo, Queridos Leitores, se vocês já estavam impactados com um casamento de pessoas morando separadamente, são apresentados casais que não querem ter contato sexoafetivo ou pensar nos filhos como um objetivo em comum.
Idealizado no Século XIX, por homens e mulheres homossexuais que, em decorrência das limitações legais da época, não podiam viver livremente com os seus parceiros, focando no compartilhamento de um lar e vínculo duradouro, indo além do sexo, o “casamento lavanda” ressurge com outros contornos.
O principal ninho desse novo enlace é composto por jovens que, não conseguindo suportar isoladamente os custos da vida adulta independente, optam por ter um cônjuge que ajudaria no suporte das despesas domésticas, da aquisição da casa própria e outras tantas questões econômicas. Quem sabe, um dia, esse límpido vínculo, essa República do Amor, não instigue um sentimento mais intenso, quente, fogoso, que se converta em genuíno amor e, por que não, na vontade de manter relações sexuais e ter filhos.
Não sei ao certo se esse tal de “casamento lavanda” é mesmo casamento, ou uma carinhosa sociedade doméstica, e não nos cabe julgar as tendências sociais. Certo é que os cartórios se fazem presentes igualmente no cenário apresentado, garantindo que a escolha seja protegida legalmente e assegure a real intenção dos cônjuges.
Arthur Del Guércio Neto é tabelião em Itaquaquecetuba.
