Temos que conviver com inúmeros barulhos no nosso cotidiano. E a forma convencional para se medir barulho tem nome. Decibéis é o plural de decibel. Decibel é a décima parte do bel. Bel é a unidade que serve para avaliar a intensidade do som. 

A partir do nosso nascimento, o primeiro sentido a se estabelecer em nossa formação é a audição e ela é um elemento por demais importante para a comunicação. No Brasil, 60% dos distúrbios de comunicação estão relacionados a deficiências auditivas.

De acordo com a ciência, ruídos a partir de 50 decibéis já são capazes de causar danos ao indivíduo, variando de acordo com o tempo de exposição e intensidade. E a dinâmica da sociedade moderna já nos impõe a convivência com diversos barulhos nocivos para a nossa saúde auditiva. 

Por exemplo, intensidade de alguns ruídos:  disparo de arma de fogo – 140; turbina de avião – 130; britadeira – 120; trânsito pesado – 80. Portanto, em várias situações estamos nos expondo a ruídos prejudiciais para nosso sistema auditivo. Segundo especialistas, a poluição sonora excessiva pode lesar o ouvido de qualquer pessoa.

Mas nesse caso, tal exposição é muitas vezes inevitável, já que os centros urbanos são espaços onde vigora a tal da poluição sonora. E na verdade são poucos os que podem trocar os barulhos infernais da cidade pela tranquilidade do campo.

O mais preocupante, é que além de termos de conviver com ruídos que compõem a paisagem urbana, somos agredidos também por outros que poderiam facilmente serem evitados. Escapamentos barulhentos de motos e carro, por exemplo. São barulhos com alta capacidade de irritar pessoas que a eles estão expostas. Uma moto com o escapamento adulterado pode chegar a 118 decibéis imbecis. 

No entanto, esse não é o caso mais grave. Muito comum nas festas de réveillon, a queima de fogos de artifício, rojões e bombas, são ruídos que podem trazer sérios e irreversíveis danos à audição. 

É obvio que isso não é segredo para mais ninguém. Até porque já existe legislação em inúmeras cidades proibindo o uso de artefatos como esses. O problema é que a imbecilidade parece irreversível para uma parte dos brasileiros.

O barulho produzido pela queima de fogos na passagem do ano incomoda e atrapalha muita gente. Mas incomoda e atrapalha mais ainda os idosos, doentes, crianças, autistas e os animais. 

Todo ano as redes sociais registram inúmeros casos envolvendo pessoas e bichos que entram em pânico com o barulho desses artefatos. Cães e gatos se machucam e acabam fugindo e se perdendo de seus donos. Crianças, idosos e autistas entram em crise. E os doentes que precisam repousar para se recuperar de suas moléstias não conseguem fazê-lo.

Quem provoca essa situação não tem a menor empatia e respeito por essas pessoas e esses animais. São uns imbecis.  


Afonso Pola (afonsopola@uol.com.br)
é sociólogo e professor