É sonho, utopia ou futurismo pensar que as estruturas urbanas irregulares no Brasil, poderiam se tornar cidades inteligentes com crescimento econômico sustentável, elevada qualidade de vida e gestão consciente dos recursos naturais, por meio de uma governança participativa e democrática? 

Imagine, como as favelas brasileiras poderiam finalmente ter uma estrutura urbanística com casas e ruas com espaços harmoniosos, espaços culturais, residências, comerciais e de entretenimento adequados, coleta de lixo seletiva, energia limpa, conectividade, estacionamento, ou ainda bicicletas e carros compartilhados?

Cidades Inteligentes, são, em geral, projetos urbanísticos que alinham avanços tecnológicos com o progresso social e ambiental, caracterizados pela utilização generalizada de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC's), com o objetivo de melhorar a eficiência político-econômica e ampliar o desenvolvimento humano e social, promovendo assim, a qualidade de vida dos seus cidadãos.

Em nosso país, encontramos várias construtoras trabalhando o conceito de cidades inteligentes em seus projetos imobiliários, que chamam a atenção de qualquer pessoa, porém por qual motivo essa “moda” não chegou na política habitacional popular? 

O Brasil tem a capacidade de receber a implantação desses conceitos e tecnologias, podendo ser ainda referência para outros país. Se pegarmos os dados do último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o nosso país tem mais de 16 milhões de pessoas morando em locais irregulares, clamando por justiça e investimento social. 

Se depender do povo, a frase de uma letra do grupo paulistano de rap, Racionais Mc´s, representa bem esse sentimento de direito de morar, quando diz: “O nego quer algo mais do que um barraco pra dormir”. Sim, o povo quer dignidade e ascensão, sonha com isso e sabe que há formas de se tornar realidade. E os representantes políticos, querem?
 
 Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no Divã” e “A vida de cão do Requis”.