O Ozempic é um medicamento indicado, em bula, ao tratamento de diabetes tipo II não controlada, mas vem sendo utilizado contra a obesidade. Em formato de canetas injetáveis, este remédio tem sido a aposta de muitas pessoas para emagrecer. Desde então, pacientes têm relatado, como venho observando em consultório, queixas quanto à perda de cabelos e uma possível associação da queda dos fios ao uso da substância - ainda que não haja comprovação científica desta relação.
O grande problema é que o uso do Ozempic se dá, muitas vezes, somente para fins estéticos, sem o acompanhamento especializado e a mudança para hábitos de vida mais saudáveis. Há, ainda, a sobreposição de dietas estritamente restritivas ou o uso concomitante de outros medicamentos para potencializar o emagrecimento.
A queda de cabelos não consta na bula do Ozempic como possível efeito colateral. Porém, o processo de perda de peso, principalmente de forma rápida, pode envolver condições estressantes ao organismo, bem como desgaste psíquico - o que pode afetar, também, o ciclo capilar.
Insisto que, na grande maioria dos casos, os usuários deste remédio não adotam o acompanhamento nutricional e clínico necessários, ou não seguem a dieta estabelecida. Resultado disso é uma má alimentação e a consequente deficiência de vitaminas, minerais e proteínas, o que culminará em queda de cabelos ou tornar os fios mais finos e frágeis.
Tais alterações capilares não são crônicas ou irreversíveis. O ajuste das condições que as predispõem, com a consequente normalização do ciclo de crescimento e de troca dos fios e o possível estímulo da fase de crescimento, cessará a queda e qualificará os cabelos.
Culpar o medicamento, pura e simplesmente, não adianta. O que vale é compreender que o uso do Ozempic deve, sempre, ter prescrição e acompanhamento de um médico, respeitando-se as indicações e os cuidados em sua administração.
Dra. Thálita Rodrigues Eufemia (dermathalita@hotmail.com) é médica e tricologista, com certificação pela International Association of Trichologists (Sidney - Austrália); doutoranda em Ciências Biomédicas; e diretora da JM Renaissance.
