Arthur C. Clarke, escritor britânico de ficção científica, foi o autor do conto The Sentinel que deu origem ao filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, dirigido e produzido por Stanley Kubrick, em 1968. Na tela aparece a imagem de um misterioso monolito negro atravessando o espaço e emitindo sinais de outra civilização que interfere no nosso planeta. No século XXI, uma equipe de astronautas é enviada a Júpiter na nave espacial Discovery, totalmente controlada pelo computador Hal 9000, a fim de investigar o enigmático fenômeno. 

No meio da viagem Hal entra em pane e tenta assumir o controle da nave, eliminando sucessivamente cada um dos tripulantes. Essa ideia fantasiosa da disputa de controle entre robôs e seres humanos foi disseminada muito mais intensamente após o sucesso desse filme, sendo lançado, desde então, uma leva de várias produções cinematográficas e publicações com o mesmo tema. A busca do ser humano por ampliar sua capacidade física e intelectual deu origem a tecnologias transhumanas. Apesar disso, as máquinas não devem ser capazes de destruir a humanidade, já que são programadas por nós com o mesmo cérebro que sempre tivemos e não por si mesmas. 

Uma frase inteligente diz que quem toca a pele toca a alma. Robô não tem alma, não tem vida, nem pele e não pode expressar sentimentos, apenas movimentos mecanizados e respostas programadas. A junção do humano com a máquina é conhecida como "transhumanismo". Até que ponto essa junção pode ocorrer e o que isso significa para o futuro da nossa espécie? Será que, ao criarmos tecnologias que nos permitam ampliar nossas capacidades físicas e mentais, ou mesmo máquinas pensantes, estaremos decretando nosso fim? 

O homem tem se ausentado do diálogo tête-à-tête com seu semelhante para ficar cada dia mais isolado e preso à telinha do computador, vivendo, assim, o mundo virtual das máquinas onde não há aquela alegria real de ver e tocar o ser humano. Tocar e ser tocado são segredos revelados que mudam a rejeição em aceitação. 


Mauro Jordão é médico.